quinta-feira, 17 de outubro de 2019

"O Iluminado" volta às salas de cinema




O clássico longa O Iluminado, de Stanley Kubrick, baseado no livro homônimo de Stephen King, voltará aos cinemas brasileiros no dia 29 de outubro.

A ação visa preparar a audiência para o lançamento de Doutor Sono e relembrar a história do filme, além de apresentá-lo a um novo público que não teve a oportunidade de assisti-lo nos cinemas.

A Warner Bros. Pictures anuncia também que o início das vendas de ingressos de Doutor Sono será no dia 29 de outubro. Com estreia marcada para 7 de novembro no Brasil, o filme continua a história de Danny Torrance, 40 anos após os acontecimentos de O Iluminado.

Sobre o filme

Doutor Sono continua a história de Danny Torrance, 40 anos após sua assustadora estadia no Hotel Overlook, em O Iluminado. Ewan McGregor, Rebecca Ferguson e a novata Kyliegh Curran estrelam o thriller sobrenatural, dirigido por Mike Flanagan, que escreveu o roteiro com base no romance de Stephen King.

Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Dan Torrance lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele encontra Abra, uma adolescente corajosa com um dom extrassensorial, conhecido como Brilho. Ao reconhecer instintivamente que Dan compartilha seu poder, Abra o procura, desesperada para que ele a ajude contra a impiedosa Rose Cartola e seus seguidores do grupo Verdadeiro Nó, que se alimentam do Brilho de inocentes visando a imortalidade.

Ao formarem uma improvável aliança, Dan e Abra se envolvem em uma brutal batalha de vida ou morte com Rose. A inocência de Abra e a maneira destemida que ela abraça seu Brilho fazem com que Dan use seus próprios poderes como nunca, enquanto enfrenta seus medos e desperta os fantasmas do passado.


"Jumanji" volta para mais uma aventura


Sony Pictures divulga novo cartaz de Jumanji: Próxima Fase. Jake Kasdan volta à direção para contar um novo capítulo dessa aventura. O longa é baseado no livro “Jumanji” escrito por Chris Van Allsburg.

Em Jumanji: Próxima Fase os personagens estão de volta, mas desta vez o jogo mudou. Enquanto retornam à Jumanji para resgatar um de seus amigos, eles descobrem que nada é como eles esperavam que seria. Os jogadores devem desbravar áreas desconhecidas e inexploradas, desde o árido deserto até as montanhas nevadas, para poderem escapar do jogo mais perigoso do mundo.

No elenco estão Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart, Karen Gillan e Nick Jonas. O roteiro é de Jake Kasdan, Jeff Pinkner e Scott Rosenberg. O filme chega aos cinemas do Brasil no dia 05 de dezembro.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Escândalo com Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie





Drama baseado em história real sobre assédio é estrelado por Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie.

Com lançamento no Brasil programado para janeiro de 2020, Escândalo (Bombshell) chega às telas para contar o famoso escândalo norte-americano conhecido como o “Caso Bombshell”, ocorrido em 2016. A trama aborda as graves denúncias contra o então presidente e executivo-chefe da Fox News, Roger Ailes, e suas consequências. O longa promete um olhar revelador dentro do gigantesco império de mídia norte-americano, com a história das mulheres que afrontaram um homem poderoso.

Irreconhecível na pele da ex-âncora do canal Fox News, Megyn Kelly, Charlize Theron revela que “para manter uma emissora 24 horas no ar, era preciso ter algo que mantivesse o interesse do público. Havia, portanto, razões para as mesas serem vazadas”. De acordo com a acusação, era assim que as mesas deveriam ser, segundo o executivo da Fox News, Roger Ailes, interpretado por John Lithgow. O mal-estar e a sucessão de situações que configuram a violência e o assédio contra as mulheres da emissora são o foco da abordagem do longa-metragem.

Escândalo tem direção de Jay Roach (de Austin Powers) e roteiro de Charles Randolph (vencedor do Oscar pelo roteiro de A Grande Aposta).





quinta-feira, 4 de julho de 2019

“Instinto Selvagem”: paixão sem limites


INSTINTO SELVAGEM (Basic Instinct, EUA, 1992)
Direção: Paul Verhoeven
Elenco: Michael Douglas, Sheron Stone, George Dzundza, Jeanne Tripplehorn, Leilani Sarelle

Escândalo no Festival de Cannes de 1992, onde foi escolhido como o filme de abertura. Roteiro controvertido, adquirido pela cifra recorde de 3 milhões de dólares. Alvo da censura norte-americana, que obrigou os produtores a fazerem cortes na montagem final. Pretexto para passeatas da comunidade LGBT, que protestou contra o fato da personagem central (bissexual) ser suspeita de assassinato na trama. E, de quebra, o lançamento da estrela mais quente da temporada, Sharon Stone. Tudo isto antecedeu o lançamento de Instinto Selvagem, e foi com esta carga de informação – para o bem ou para o mal – que o filme chegou às telas de todo o mundo.

Típico produto hollywoodiano, com o peso da marca dos grandes estúdios, o filme reúne um explosivo coquetel que mistura violência, lesbianismo, investigação policial, psicologia e sexo, muito sexo. Resumindo: segue à risca a cartilha dos filmes que pretendem transitar entre a polêmica e o sucesso de bilheteria. Mais uma vez a fórmula deu certo. Com a curiosidade aguçada, mundo afora o público correu em massa para conferir de perto tudo que se dizia sobre Instinto Selvagem. O filme rendeu nada menos que 52 milhões de dólares em seus três primeiros fins de semana apenas nas telas americanas (*Nota: Levando-se em conta a correção monetária das últimas três décadas, este foi um valor muito significativo para a época).


O longa é um misto de filme se ação com suspense erótico e psicológico, onde o sexo e a atração sexual dos personagens tem importante papel. Tudo começa com o assassinato de um ex-astro do rock, já na violenta sequência de abertura. Então tem início a elucidação do crime pelo investigador da polícia Nick Curran (Michael Douglas, já escolado em filmes polêmicos, como Atração Fatal de 1987). As primeiras pistas são um picador de gelo com marcas de sague (a arma do crime), uma echarpe de seda amarrada à cabeceira da cama, e sinais de uma longa e turbulenta noite romântica.

As investigações indicam o envolvimento de três mulheres no caso. A primeira suspeita é Catherine Tramell (Sharon Stone), uma escritora de sucesso cujos assassinatos narrados em seus livros começam a acontecer na vida real. A outra suspeita é Roxy (Leilani Sarelle), a provocante e ciumenta namorada de Catherine. E por fim, a Drª Beth Garner (Jeanne Tripplehorn), uma psicóloga da polícia, com quem o próprio Nick costuma consultar. O investigador movimenta-se então em um território particularmente perturbador para suas convicções, especialmente as sexuais. A personagem mais fascinante da trama é a bissexual e sedutora Catherine, que afronta a polícia com seu comportamento ambíguo, arrogante e independente. Durante um depoimento ela é capaz de deixar os investigadores e policiais de boca aberta. Literalmente. Vestindo uma exígua minissaia, ela deixa bem claro que não é adepta do uso de calcinhas ao provocativamente cruzar as pernas diante de um bando de homens atônitos com a cena.


Para a altíssima voltagem erótica da cruzada de pernas (imagem símbolo do filme) foi decisivo o desempenho e a entrega de Sharon Stone, muito sedutora e sexy. “Fiquei fascinada pela personagem, especialmente pela sua falta de limites”, explicou a atriz. “Catherine é extremamente cruel e disposta a qualquer coisa a fim de atrair Nick para sua teia. Ela o seduz com a mente. Com sua sexualidade. E quando percebe que algo a cativa, fica ainda mais excitada”.

Dirigido por Paul Verhoeven (de Robocop e Vingador do Futuro) Instinto Selvagem mostra o poder da sedução que induz paixões cegas e destrutivas. O filme é basicamente uma história de amor inusitada e deformada. Apesar das inconsistências e furos do roteiro, que exigem a tolerância do espectador, a trama como um todo se mostra fascinante em suas armadilhas de sedução para também enredar o público.

Assista o trailer: Instinto Selvagem

(Texto originalmente publicado no jornal “Correio Lageano” (Lages – SC) / Agosto de 1992)

Jorge Ghiorzi

terça-feira, 2 de julho de 2019

“Gladiator – O Desafio”: lutando pela vida


GLADIATOR – O DESAFIO (Gladiator, EUA, 1992)
Direção: Rowdy Herrington
Elenco: Cuba Gooding Jr., James Marshall, Robert Loggia, Brian Dennehy

Por vezes o cinema consegue antecipar fatos que a realidade vem a confirmar posteriormente. Os recentes (1991/1992) conflitos de natureza racial que abalaram Los Angeles já haviam explodido antecipadamente nas telas. Filmes como New Jack City; Colors, As Cores da Violência; Os Donos da Rua e Faça a Coisa Certa abordavam, cada um a seu modo, aspectos diversos do contexto social e as tensões raciais no território norte-americano, situando de um lado os brancos e de outro lado todos demais, ou seja, os negros, hispânicos, asiáticos, etc.

Num ambiente com tantos conflitos raciais as explosões de violência já fazem parte do cotidiano. Neste aspecto o boxe, quando retratado pelo cinema, frequentemente é utilizado como um símbolo metafórico dos problemas sociais que afloram nos subúrbios das grandes cidades. Luta-se para (sobre) viver. Vive-se para lutar.


Tommy Riley (James Marshall, o motociclista do seriado Twin Peaks) é um boxeador do violento circuito das lutas clandestinas, onde o grande triunfo é sair vivo do ringue. A trajetória do jovem lutador é o tema central de Gladiator – O Desafio. Sem condições financeiras de continuar morando em um bairro classe média de Chicago, Tommy e seu pai são obrigados a mudar-se para um bairro degradado da metrópole. Lá o domínio é das gangues de rua, cujos membros também participam de lutas de boxe ilegais, organizadas pelo empresário Jimmy Horn (Brian Dennehy) que trata seus pugilistas como autênticos gladiadores modernos. A chegada de Tommy atrai a atenção do empresário, não só por suas habilidades, mas especialmente pelo fato dele ser branco, o que o coloca de imediato numa posição de adversário imediato dos demais lutadores negros e hispânicos. O dilema moral de Tommy Riley surge quando ele deve enfrentar no ringue o seu melhor amigo, o campeão (negro) Lincoln, interpretado por Cuba Gooding Jr., o protagonista de Os Donos da Rua.

Apesar das realistas e violentas cenas de luta, Gladiator – O Desafio se apresenta basicamente como um libelo contra a violência, uma denúncia à forma de vida dos jovens das áreas urbanas menos favorecidas, lutando pelo “pão de cada dia” enquanto sonham escapar da pobreza. “Tommy é como a maioria dos adolescentes”, afirma o diretor Rowdy Herrington. “Tem muita raiva dentro de si, mas também muito talento. O filme narra um rito de passagem, uma história na qual o protagonista encontra-se diante de um problema insolúvel, e ao resolvê-lo, torna-se homem.”

Assista o trailer: Gladiator – O Desafio

(Texto originalmente publicado no jornal “Correio Lageano” (Lages – SC) / Julho de 1992)

Jorge Ghiorzi

domingo, 30 de junho de 2019

“Desejos”: triângulo amoroso no divã


DESEJOS (Final Analysis, EUA, 1992)
Direção: Phil Joanou
Elenco: Richard Gere, Kim Basinger, Uma Thurman, Eric Roberts

O divã já não é mais o mesmo. De local reservado para aqueles que buscam apoio de psicanalistas, ele passou a ser utilizado como pretexto ou cenário para cenas de amor e paixão envolvendo terapeutas e pacientes. Pelo menos é isto que alguns filmes recentes (1992) produzidos em Hollywood mostram. Este é o caso, por exemplo, de O Príncipe das Marés, dirigido e estrelado por Barbra Streisand, e o polêmico Instinto Selvagem, de Paul Verhoeven. Os dois filmes trazem psiquiatras (femininas) que acabam por namorar seus pacientes, substituindo (ou seria confundindo?) as confidências terapêuticas por confidências amorosas. O código de ética da profissão recomenda que não haja relacionamento amoroso entre psiquiatras / psicanalistas e os pacientes que tratam. Mas, quem disse que esta ética do mundo real deveria ser seguida à risca no mundo da ficção de Hollywood? Afinal, amores proibidos sempre esquentam os romances, seja nas telas ou nos livros.

Outro exemplar desta safra erótico-psiquiátrica é este Desejos, onde o personagem central é um psiquiatra as voltas com os problemas de uma paciente muito complicada e não menos misteriosa. A figura do psiquiatra, na maior parte dos filmes, sempre é tratada como uma personagem secundária. Raramente são protagonistas de uma história, pois sua presença nas tramas normalmente se limita a sequências isoladas, com impacto limitado no desenvolvimento dos enredos.

Mas este não é o caso de Desejos. Aqui o psiquiatra Isaac Barr, vivido por Richard Gere, é o foco central da narrativa deste thriller de suspense. Ele é um respeitado e bem sucedido profissional que ao tentar interpretar os sonhos de uma paciente, Diana Baylor (Uma Thurman), acaba por se envolver com a irmã, Heather Evans (Kim Basinger). À medida que as confidências de Diana vão sendo relatadas no divã, o psiquiatra, a pretexto de melhor conhecer a paciente, inicia um relacionamento com a irmã. O que parecia apenas um caso amoroso acaba por se transformar numa trama de adultério e assassinato. Neste triângulo de paixões nem tudo é como parece ser à primeira vista. As aparências enganam e os desejos não confessados jogam os personagens num jogo perigoso.


Este filme marca a volta à telas da dupla Richard Gere e Kim Basinger. A primeira vez foi em Sem Perdão (No Mercy, 1986), cujo resultado ficou aquém do que se poderia esperar levando-se em conta peso dos nomes. Naquela oportunidade o encontro das duas estrelas não provocou o frisson esperado, ficaram devendo. Este desejo foi então adiado para este Desejos, que teve mais sorte no resultado final. Este é um eficiente trabalho do jovem realizador Phil Joanou, que dirigiu também o documentário Rattle & Hum com o grupo U2. Sem dúvida a química da dupla desta vez funcionou plenamente. Muito contribuiu para isto o roteiro ágil e cheio de reviravoltas, escrito por Wesley Strick, o mesmo de Cabo do Medo e Batman – O Retorno.

Assista o trailer: Desejos

(Texto originalmente publicado no jornal “Correio Lageano” (Lages – SC) / Julho de 1992)

Jorge Ghiorzi

domingo, 31 de março de 2019

“Paris, Texas”: pé na estrada


As recentes mortes do ator Harry Dean Stanton e do escritor, roteirista e também ator Sam Shepard oportuniza a revisão de um dos mais significativos trabalhos cinematográficos de ambos. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1984, Paris, Texas (Paris, Texas), dirigido por Wim Wenders, conta com a participação de Stanton como protagonista e o roteiro coescrito por Shepard (em parceria L. M. Kit Carson) a partir de uma obra de sua autoria.

Produção europeia filmada em locações nos Estados Unidos, Paris, Texas é um dos filmes mais icônicos do alemão Wim Wenders, um cineasta que manifesta especial interesse na cultura e nas paisagens norte-americanas, constantemente presentes em sua filmografia. Neste aspecto pode-se dizer que esta produção é uma espécie de releitura temática de um trabalho anterior, Alice nas Cidades, realizado exatamente uma década antes, também ambientado no cenário norte-americano de pequenas cidades, estradas, paisagens desoladas e busca da identidade.


Road movie por excelência, Paris,Texas já inicia sob o signo do movimento. Ao som dos acordes melancólicos da guitarra de Ry Cooder, na sequência de abertura somos apresentados ao personagem Travis Henderson (Harry Dean Stanton) vagando sem rumo sob o sol inclemente do deserto texano, próximo à fronteira do México. Resgatado à beira da morte por inanição, Travis é levado pelo irmão Walt (Dean Stockwell) para morar em Los Angeles com sua família. Lá ele encontra seu filho Hunter de sete anos, abandonado pela mãe, Jane (Nastassja Kinski). O próprio Travis não via o filho há quatro anos, quando também abandonou a família depois uma crise no casamento e colocou o pé na estrada sem projeto de retorno. Inicialmente estranhos um ao outro, após um tempo Travis e Hunter reconstroem os laços emocionais partidos entre pai e filho. O fortalecimento da relação entre os dois desperta por fim o desejo de reencontrar Jane para reconstituir a família desfeita.

Diz a máxima que nunca retornamos iguais de uma viagem. Ela inevitavelmente nos transforma. Wim Wenders certamente compartilha este pensamento e isto fica muito evidenciado no citado Alice nas Cidades e de maneira especial em Paris, Texas. A alternância de cenários reflete - ou induz – os estados de alma do solitário Travis. Uma trajetória que percorre paisagens desérticas, subúrbios da classe média de Los Angeles, movimentadas freeways e arranha-céus que aço e vidro em Houston, pontua as transformações do protagonista que transitam da catatonia ao tédio existencial, chegando por fim a reconquista da autoestima.


O vazio do deserto representa o vazio emocional de Travis. Sua imagem, isolado no meio da planície árida, sem mapa nem bússola, é um símbolo do homem em desespero que se perde para tentar reencontrar-se. A fuga dos problemas o colocou na estrada, longe de tudo e de todos. Mas a negação da sua própria história pessoal é pesada demais para carregar na bagagem emocional. Esperava encontrar no isolamento do deserto uma resposta para suas frustrações. O que descobre é um abismo emocional que só amplia suas angústias. O providencial resgate e posterior reencontro com o filho colocam os fatos inexoráveis da vida nos trilhos e trazem alguma lucidez para seus propósitos. Há uma missão a cumprir: reconfigurar o núcleo familiar, ainda que sua presença já nem seja mais necessária. O objetivo é assegurar pelo menos alguma chance de felicidade para o filho junto à mãe. Um ponto final para uma história de amor e paixão que estava inconclusa.


O ponto central e enigmático de Paris, Texas é a mãe, figura que deflagra a ação e movimenta os personagens. A imagem de Jane é trazida da memória através da magia das imagens em movimento do cinema. Somos apresentados a ela por pequenos vídeos domésticos de Super-8, de um tempo onde reinava o amor e a harmonia entre Travis e Jane. Testemunho de um fragmento de história preservada em filme. Interpretada por uma Nastassja Kinski no auge da beleza e prestígio, a presença de Jane domina o filme de ponta a ponta, ainda que esteja realmente em cena em apenas alguns minutos. Mas como esquecer a pungente sequência do diálogo acerto de contas entre Travis e Jane. Ambos isolados (!), sem jamais se tocarem fisicamente, separados por um vidro, como dois prisioneiros de uma relação com marcas profundas de mágoas, rancores e decepções mútuas.

Lá se vão mais de 30 anos desde o lançamento e Paris, Texas segue irretocável como um drama sensível e sincero. O atento olhar estrangeiro de Wim Wenders revela o retrato de uma América altamente industrializada e consumista que promove o individualismo e desestimula o humanismo.

Assista o trailer: Paris, Texas

(Texto originalmente publicado na coluna “Cinefilia” do DVD Magazine em setembro de 2017)

Jorge Ghiorzi