quinta-feira, 3 de junho de 2021

“Invocação do Mal 3”: investigação do além

 

Uma das franquias de filmes de terror de maior sucesso dos anos 2000, Invocação do Mal chega a mais um capítulo neste pandêmico ano de 2021. Mais do que chamá-la de franquia, o mais correto certamente seria nos referirmos ao “Universo Invocação do Mal”, pois é disso que se trata. Outros títulos se incorporam neste universo expandido, com filmes como Annabelle, A Maldição da Chorona, A Freira e suas respectivas sequências.

Personagens centrais das histórias, a dupla (real, já falecida) de investigadores de fenômenos paranormais Ed e Lorraine Warren nos apresenta mais uma caso fantástico da sua extensa relação de investigações neste Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (The Conjuring: The Devil Made Me Do It). O selo de credibilidade está lá, estampado na tela: “baseado em fatos verídicos”. E assim recebemos os relatos do casal, temperados com altas doses de ficção e transformados em espetáculo cinematográfico para as massas. O caso da vez é recorrente na série, mais uma possessão demoníaca.


O capeta, em suas diversas formas, antagonista profundo do casal Warren, novamente dá as caras. Agora com status, pois é referido explicitamente no subtítulo do longa. Ed e Lorraine (Patrick Wilson e Vera Farmiga), após inicialmente investigarem o caso de possessão demoníaca de um garoto, acabam se envolvendo com outra história dramática. Um suspeito de assassinato alega nos tribunais que sua alma estava possuída pelo demônio quando cometeu o crime. Cabe ao casal de “demonólogos” provar que a tese estava correta. Então, partem numa aventura investigativa pelo submundo do Mal em busca de provas.

Um fato salta aos olhos com este Invocação do Mal 3. A série já dá sinais claros de esgotamento da fórmula. Após os dois primeiros episódios bem sucedidos, que estabeleceram um padrão acima da média para seus congêneres, o terceiro filme passa a sensação de estarmos diante de uma tentativa mudança de rumo. Como parece ser uma tradição nos chamados “terceiros episódios” de séries e sagas, há uma busca de saídas narrativas e exploração de novos terrenos que assegurem a continuidade. Este componente de risco costuma invariavelmente resultar em excessos e exageros. Este é o caso de Invocação do Mal 3, que, enfim, é apenas mais do mesmo. Não podemos desconsiderar que James Wan, diretor dos primeiros filmes, agora assume a condição apenas de produtor. A direção coube a Michael Chaves, o mesmo de A Maldição da Chorona (2019), que filmou um roteiro que traz mais complexidade ao enredo e avança um pouco no terreno dos filmes de investigação policial.


Outro aspecto que chama atenção em Invocação do Mal 3 é o foco mais flagrante na relação pessoal dos personagens do casal Ed e Lorraine, tornando-os ainda mais protagonistas em detrimento do caso que estão investigando. A relação do casal avança algumas etapas e revela ao público fatos do passado dos dois, o que os deixa mais próximos e íntimos da audiência.


A série Invocação parece assumir, sem medo (!), sua condição de “terror geek”, um filme pop de terror que não dá propriamente sustos nem provoca medo, apenas estimula a adrenalina. Tudo é muito gamificado, um jogo de etapas a serem cumpridas. Já vimos isto em Jogos Mortais, não por acaso, do mesmo James Wan. A cada episódio a série se afasta mais e mais dos cânones estabelecidos por O Exorcista, o Santo Graal dos filmes de possessão demoníaca dos últimos 50 anos.

O carisma do casal de atores Patrick Wilson e Vera Farmiga dá conta do recado, como sempre. O filme se sustenta integralmente no desempenho da dupla. Há que se perguntar o que farão os produtores da franquia quando a dupla se aposentar da série. O destino talvez seja transformar a franquia em uma série de TV, apresentando a cada episódio um novo caso dos “detetives do oculto” no início da carreira, com atores mais jovens. Algo na linha do saudoso seriado dos anos 70 Kolchak – Os Demônios da Noite, estrelado por Darren McGavin como o repórter Carl Kolchak que investigava casos misteriosos e sobrenaturais.

Assista ao trailer: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Jorge Ghiorzi

sexta-feira, 28 de maio de 2021

“Aqueles Que Me Desejam a Morte”: chamas da vingança


Após uma década inteira que dedicou às produções voltadas para o público infanto-juvenil, com destaque para a famigerada Malévola, Angelina Jolie decidiu que era momento de retornar aos filmes, diríamos, “pra gente grande”. E o retorno se dá pelo caminho seguro do thriller de ação, gênero onde conquistou seus maiores êxitos de bilheteria com Tomb Raider, O Procurado, Sr. e Srª. Smith e Salt (vamos esquecer O Turista, ok?). E ainda vem Eternos por aí.

Assim chegamos até Aqueles Que Me Desejam a Morte (Those Who Wish Me Dead, 2021), onde Angelina apresenta seu lado mais crossfiteiro, com um papel que exige esforço físico, força e um tanto de violência. Tudo isto temperado com uma faceta maternal, de mãe zelosa pela prole em perigo. O perigo no caso é duplo: assassinos sanguinários e as chamas incontroláveis que consomem a floresta. E a citada prole é apenas uma metáfora, representada por um garoto de 12 anos perdido na mata após a morte do pai em circunstâncias trágicas.


Mas, vamos aos fatos. Hannah Faber (Angelina Jolie), bombeira florestal em Montana (EUA), marcada pela culpa por acontecimento fatal que resultou na morte de três crianças num incêndio, é designada para passar uma temporada solitária na torre de vigia que se ergue além do cume das árvores da região. Simultaneamente, uma dupla de assassinos elimina testemunhas de um grande caso de corrupção. Uma destas testemunhas eliminadas é o pai do garoto Connor, que assiste sua morte quando estão em viagem de carro pelas estradas da região. Após escapar do atentado ele vaga sem rumo pela floresta.

Neste ponto as duas linhas narrativas da história se cruzam. A dupla formada pela bombeira e o garoto precisa lutar pela sobrevivência para escapar, ao mesmo tempo, dos implacáveis assassinos e do gigantesco incêndio florestal. Salvar aquele garoto representaria uma expiação e redenção da culpa pelo trágico episódio do passado da personagem.


Baseado no livro de mesmo título de Michael Koryta - que, convenhamos, não é exatamente um título de apelo comercial para um filme - o longa tem direção do ator e roteirista Taylor Sheridan, que escreveu Sicário: Terra de Ninguém (Sicário, 2015) e A Qualquer Custo (Hell or High Water, 2016, indicado ao Oscar de Roteiro), e dirigiu também o ótimo Terra Selvagem (Wind River, 2017).


A narrativa de Aqueles Que Me Desejam a Morte tem como protagonista a personagem de Angelina Jolie. Mas este protagonismo é compartilhado com outros fortes personagens de destaque. Um deles é o Xerife Ethan interpretado por Jon Bernthal (de Baby Driver e da série O Justiceiro), a força policial do lado certo da lei e da justiça que se envolve na trajetória perigosa da bombeira Hannah. O outro destaque fica com a dupla de assassinos interpretados por Nicholas Hoult (Mad Max: A Estrada da Fúria) e, com potência assustadora, por Aidan Gillen, ator irlandês conhecido pelo papel do sinistro e maquiavélico Petyr Baelish em Game of Thrones.


A sensação geral é de que estamos diante de um thriller que optou pela trilha garantida de uma história de suspense convencional, sem ousadias e maiores pretensões. É uma produção que cumpre o combinado como entretenimento rápido, fácil e eficiente, sem ofender a audiência. Sheridan fez um filme que entrega o que promete. Certamente seria uma produção de sucesso nas antigas locadoras como atrativo disputado de final de semana. Aliás, em termos mais amplos o filme emula exatamente isto, o retorno a um formato padrão de entretenimento com cara de anos 80 e 90. O tema do “garoto-testemunha-chave-de-um-rumoroso-caso-de assassinato” está longe de ser original. Já foi, dentre outros, plot básico de pelo menos dois clássicos daquele período: A Testemunha, dirigido por Peter Weir em 1985, com Harrison Ford, e  O Cliente, de Joel Schumacher, estrelado por Tommy Lee Jones e Susan Sarandon em 1994.

Assista ao trailer: Aqueles Que Me Desejam a Morte

Jorge Ghiorzi

sexta-feira, 7 de maio de 2021

O cineasta brasileiro que conquista o Espaço

 

Quem é o diretor de cinema brasileiro que acaba de lançar uma produção de ficção científica na Netflix protagonizada por grandes nomes de Hollywood? O nome é Jônatas de Moura Penna, nascido em São Paulo (SP), que utiliza o nome artístico de Joe Penna. Quem está mais atento ao universo dos youtubers identifica o cineasta por outro nome: MysteryGuitarMan. Sim, isso mesmo, Joe Penna começou sua carreira com um canal no YouTube, sendo um dos primeiros brasileiros a bombar na rede, quando chegou a ficar entre os dez usuários de todo o mundo com mais inscrições em 2010.


Autodidata e desbravador, Joe Penna emigrou para os EUA onde frequentou a Universidade de Massachusetts para estudar Medicina. Abandonou o curso em 2007 para se dedicar integralmente ao seu canal “MysteryGuitarMan” no YouTube, criado um ano antes. Em 2010 dirigiu a série de TV T-Shirt War e se insere no mercado do audiovisual nos Estados Unidos. Em 2011 e 2012 cria, escreve, dirige e atua na série Once Upon, e participa (dirigindo e/ou atuando) das séries Sand Box e Behind the Glasses. Ainda em 2012 escreve e dirige seu primeiro curta-metragem, o drama de aventura Meridian, que marcou o momento definitivo de passagem para o universo do cinema.

Arctic, com Mads Mikkelsen

Após outras quatro realizações de curtas-metragens, em 2018 Joe Penna chega ao longa com o drama Arctic, estrelado por Mads Mikkelsen (do recente vencedor do Oscar, Druk – Mais uma Rodada). O filme foi exibido no Festival de Cannes e recebeu críticas positivas da imprensa especializada.

Passageiro Acidental, com Anna Kendricks

A grande oportunidade de ouro veio no ano seguinte quando a Netflix deu sinal verde para seu novo projeto. Em meados de 2019 Joe Penna iniciou a produção e direção de Passageiro Acidental (Stowaway) que escreveu conjuntamente com Ryan Morrison, com quem já havia trabalhado no desenvolvimento do roteiro de Arctic. Estrelado por Toni Collette, Anna Kendricks, Daniel-Dae Kim e Shamier Anderson, a produção é um thriller de ficção científica que mostra a tripulação de uma nave em missão com destino à Marte. Em meio à viagem a equipe se depara com um inesperado tripulante extra a bordo, que desequilibra seriamente os recursos do sistema de suporte à vida e coloca a missão em risco.

Um estranho a bordo

Consta que o filme seria lançado pela Netflix no Brasil com o título de Passageiro Clandestino, inclusive chegou a ser chamado assim nas primeiras peças de divulgação. O diretor Joe Penna, ao tomar conhecimento deste título, lamentou a escolha e comentou no Twitter o equívoco: “O passageiro extra não está lá de propósito. Foi um acidente”. Inconformado ele entrou em contato com a plataforma e pediu a mudança do nome. Assim, o filme foi rebatizado com o novo título, substituindo o “Clandestino” por “Acidental”.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O filme que abalou a TV americana há 38 anos

 

Em plena Guerra Fria a rede de televisão ABC produziu um telefilme que causou grande impacto na sociedade norte-americana. O tema era a guerra nuclear entre as potências Estados Unidos e União Soviética, com destaque para seus brutais efeitos sobre as populações civis. Na noite de 20 de novembro de 1983 as famílias americanas se reuniram em frente aos aparelhos de TV para assistir a primeira e impactante exibição de O Dia Seguinte (The day after), dirigido por Nicholas Meyer (de Um Século em 43 Minutos e Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan).

Nunca antes os cidadãos americanos foram expostos de forma tão realista e dramática às consequências devastadoras da radiação após a detonação de artefatos nucleares. Aquele telefilme chocante trouxe a lembrança da tragédia de Hiroshima para a sala de estar da classe média da nação. A produção foi um sucesso retumbante e a audiência quebrou recordes de audiência na época. O impacto do telefilme da ABC foi tão grande que O Dia Seguinte posteriormente foi lançado nos cinemas em vários países. O Brasil na época também repercutiu o sucesso da produção com uma grande cobertura da imprensa e matéria especial no programa “Fantástico”, antecipando a estreia nas salas de cinema de todo o país.


O filme conta a história de um conflito que inicia com um ataque soviético nas fronteiras da Alemanha Ocidental. A escalada da investida acaba por levar os Estados Unidos para o conflito, o que resulta na Terceira Guerra Mundial, com uso massivo de armas nucleares.

A produção não exibe cenas da guerra no solo europeu, é somente o contexto da história. A narrativa se concentra nos personagens da pequena cidade de Lawrence, na zona rural do Kansas, apenas acompanham à distância as notícias pelo rádio e TV. Mas, para azar da população, próximo à cidade fica uma base secreta de mísseis nucleares do exército norte-americano. Isto faz de Lawrence um alvo prioritário dos mísseis soviéticos. E é isto que acontece. A pacata cidade é dizimada por um bombardeio nuclear.


O filme causou comoção na TV americana ao exibir de maneira explícita os efeitos chocantes da radiação nos seres humanos em cenas de forte impacto que invadiram os lares, sob protestos de parte da mídia que chegou a cogitar a proibição de sua exibição.

O Dia Seguinte é um herdeiro dos filmes-catástrofe, muito populares nos 70 com produções como Inferno na Torre, Terremoto e Aeroporto. A história segue os padrões do gênero: um grande grupo de personagens diversos é atingido por alguma tragédia e devem lutar coletivamente por sua sobrevivência, mostrando histórias de heroísmo, violência e covardia.


No elenco estão Jason Robards, JoBeth Williams, Steve Guttenberg, John Lithgow e Amy Madigan.

O filme de Nicholas Meyer marcou época e foi considerado “o filme mais influente de todos os tempos na TV americana”. O Dia Seguinte recebeu dez indicações para o Emmy e conquistou dois prêmios: Edição de Som e Efeitos Especiais. Quatro anos depois, em 1987, o filme foi exibido na União Soviética. Naquele mesmo ano o então presidente Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev assinaram o Tratado INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário) que regulava o desarmamento nuclear das duas nações.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Joan Crawford e a Pepsi


Lenda de Hollywood que iniciou carreira na era do cinema silencioso e fez a transição para o cinema falado sem perder a majestade, JOAN CRAWFORD construiu uma história cheia de altos e baixos. Nascida na pobreza, a atriz conquistou fama, fortuna e entrou para a constelação das maiores estrelas do cinema mundial.


Joan Crawford casou muitas vezes. Um dos casamentos foi com o milionário Alfred N. Steele, presidente e acionista majoritário da Pepsi-Cola. Quatro anos depois ficou viúva, herdou os negócios do ex-marido e assumiu a cadeira de presidente da gigante indústria de refrigerantes. Sua entrada na companhia em 1959 não foi pacífica, havia muita restrição dos demais acionistas da empresa. Mas Crawford se garantiu no cargo e conduziu os destinos da marca Pepsi por vários anos.

Por conta desta nova condição a atriz, no papel real de líder de uma grande corporação, realizou muitas viagens internacionais para tratar de assuntos de interesse da Pepsi. Ela esteve muitas vezes no Brasil, uma das quais para a inauguração de uma fábrica da Pepsi no Rio de Janeiro.


A visão marqueteira de Joan Crawford identificou os filmes como uma excelente ferramenta de promoção da Pepsi. Assim como Alfred Hitchcock, que promovia sua presença em todos os filmes, nos anos 60 uma diversão dos espectadores era identificar a presença da marca ou produtos da Pepsi nos filmes onde a atriz atuava. A marca aparecia invariavelmente em um cartaz ou outdoor, ou com a garrafa do refrigerante como objeto do cenário ou ainda de maneira mais ostensiva sendo saboreada por algum personagem.

Após alguns anos Joan Crawford restringiu sua atuação na linha de frente da Pepsi, limitando-se a ser apenas membro do Conselho Diretor. Nos últimos tempos assumiu o posto de porta-voz da empresa, até ser desligada definitivamente em 1973.


Por ironia do destino, anos antes de entrar para a companhia, Joan Crawford participou de anúncios de dois refrigerantes concorrentes da Pepsi: Coca-Cola e a Royal Crown Cola.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Marlee Matlin: superando desafios


Uma das imagens mais impactantes da história do Oscar aconteceu em 1987 quando a vencedora de Melhor Atriz, Marlee Matlin, recebeu a estatueta por seu desempenho em Filhos do Silêncio e fez seu agradecimento sem proferir nenhuma palavra, utilizando apenas a língua americana de sinais.

Marlee Matlin perdeu a audição aos 18 meses de vida e o desenvolvimento da fala ficou prejudicado. Ela só voltou a se expressar oralmente após longo tratamento e treinamento com especialistas.

Esta condição, no entanto, não impediu que fizesse carreira como atriz, que começou aos sete anos quando interpretou a Dorothy numa versão teatral da peça “O Maravilhoso Mágico de Oz”.

O primeiro filme, aos 21 anos, foi justamente aquele que lhe rendeu, além do Oscar, o Globo de Ouro de melhor atriz dramática. Em Os Filhos do Silêncio ela interpreta uma ex-aluna da escola para surdos onde trabalha um professor de linguagem de sinais, interpretado por William Hurt, que à época era seu marido na vida real.

Os Filhos do Silêncio


A vitória de Marlee na maior premiação do cinema mundial é extraordinária. Ela foi a primeira e até hoje única atriz a vencer o Oscar por uma atuação apenas com a língua de sinais. Após seu feito apenas outras duas atrizes concorreram ao prêmio também atuando com a língua de sinais: a japonesa Rinko Kikuchi, por Babel em 2007, e Sally Hawkins, por A Forma da Água em 2018.

Em 1988 Marlee Matlin retornou ao palco do Oscar para anunciar os indicados de Melhor Ator. Daquela vez falou com sua própria voz e revelou o nome do vencedor do ano: Michael Douglas por Wall Street.

Na sequência a atriz participou de alguns filmes importantes, como o drama histórico Walker (1987), com Ed Harris e direção de Alex Cox; a produção francesa L’homme au masque d’or (1991) de Éric Duret; a comédia Romance por Interesse (1991) de Richard Shepard, e o drama de suspense O Jogador (1992) integrando o elenco cheio de estrelas do filme de Robert Altman.

Em meados da década de 90 Marlee Matlin passou a construir uma vasta e consistente carreira na televisão protagonizando ou participando de filmes e séries como Seinfeld; The Outher Limits; Picket Fences; Spin City; Plantão Médico; O Desafio; The Division; Desperate Housewives; Lei & Ordem; West Wing; CSI: Nova Iorque; The L World; Glee e Quantico, entre outras.

CODA


Em 2020 a atriz voltou em grande estilo ao cinema participando do prestigiado longa-metragem CODA, de Sian Heder, recentemente premiado no Festival Sundance de Cinema como Melhor Filme, Melhor Direção, Júri Popular e Melhor Elenco. CODA (sigla para “Child of Deaf Adults”, ou Criança de Adultos Surdos) conta o drama de uma jovem surda que fica dividida entre seguir sua paixão pela música e seu medo de abandonar os pais.

Além da coincidência na semelhança dos títulos dos dois filmes que utilizam (no original) os termos “children e “child”, o tema da surdez em CODA também faz uma conexão direta com Os Filhos do Silêncio, a estreia da atriz. Será este um sinal do “comeback” definitivo de Marlee Matlin para o cinema? 


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Festival Sundance de Cinema: premiados em 2021

 


A pacata Park City, com quase 100 mil habitantes, conhecida como a maior cidade-resort do estado de Utah (EUA), tem se acostumado a virar metrópole do cinema todo início de ano. O motivo da agitação é o prestigiado Festival Sundance de Cinema, maior evento do cinema independente dos Estados Unidos. Tudo começou em 1978 com um certame competitivo chamado “Utah / U. S. Film Festival”, de pouco expressão nos primeiros tempos.


A pequena Park City começou a mudar sua condição em 1981 quando Robert Redford fundou o Instituto Sundance, nome inspirado no personagem que interpretou em Butch Cassidy (1969), que se chamava Sundance Kid, primeiro grande sucesso da sua carreira. O Instituto surgiu com o propósito promover o crescimento de jovens e promissores artistas independentes, Seus programas de capacitação descobrem e apoiam novos talentos criativos no cinema, no teatro e na música vindos de todo mundo.


Em 1985 o Instituto incorpora o festival já existente na cidade e o transforma no que hoje conhecemos como Festival Sundance de Cinema, a principal janela de promoção e exposição de filmes autorais de realizadores independentes norte-americanos e internacionais. O trabalho do Instituto (que está completando 40 anos) e do Festival refletem muito dos princípios liberais do mentor Robert Redford, um cidadão sempre atento à política e ao meio ambiente, sua segunda paixão, após o cinema.

Muitos realizadores iniciantes ganharam visibilidade a partir do Festival Sundance de Cinema, garantindo a oportunidade de ouro de terem seus primeiros trabalhos distribuídos pelas grandes companhias. Steven Soderbergh, com Sexo, Mentiras e Videotape, e Quentin Tarantino, com Cães de Aluguel, são dois exemplos da projeção que o evento pode proporcionar.


A exemplo de todos os grandes festivais de cinema, Sundance não fugiu à regra e este ano realizou sua edição totalmente online, como os tempos atuais exigem. Este ano o evento, que ocorreu de 28 de janeiro a 3 de fevereiro, contou com mais de 15 mil filmes inscritos, incluindo 118 longas-metragens selecionados de 27 países diferentes. O Brasil esteve presente com a coprodução do documentário Once Upon a Time in Venezuela dirigido pela venezuelana Anabel Rodriguez Rios.

 

Premiados da edição 2021 do Festival Sundance de Cinema:


COMPETIÇÃO AMERICANA


“CODA” de Sian Heder

Filme - Drama

“CODA” de Sian Heder

 

Prêmio do Público - Drama
CODA” de Sian Heder

 

Direção - Drama
SiAn Heder por “CODA”

 

Prêmio Waldo Salt / Roteiro - Drama
Ari Katcher e Ryan Welch por “On the Count of Three”

 

Prêmio Especial do Júri / Ator - Drama
Clifton Collins Jr. por “Jockey”

 

Prêmio Especial do Júri / Elenco - Drama
CODA” - Emilia Jones, Eugenio Derbez, Troy Kotsur, Ferdia Walsh-Peelo, Daniel Durant e Marlee Matlin

 


“SUMMER OF SOUL (… OR, WHEN THE REVOLUTION COULD NOT BE TELEVISED)” de Ahmir Khalib Thompson

Filme - Documentário

“Summer Of Soul (… Or, When the Revolution Could Not Be Televised)” de Ahmir Khalib Thompson (conhecido profissionalmente como Questlove)

 

Prêmio do Público - Documentário
“Summer Of Soul (… Or, When the Revolution Could Not Be Televised)”

 

Direção - Documentário
Natalia Almada por “Users”

 

Prêmio Jonathan Oppenheim / Edição - Documentário
Kristina Motwani e Rebecca Adorno por “Homeroom”

 

Prêmio Especial do Júri – Cineasta emergente - Documentário
Parker Hill e Isabel Bethencourt por “Cusp”

 

Prêmio Especial do Júri – Não-ficção / Experimental

Theo Anthony por “All Light Everywhere”

 

 

 

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL



“HIVE” (Kosovo) de Blerta Basholli

Filme - Drama

“Hive” (Kosovo) de Blerta Basholli

 

Prêmio do Público - Drama
“Hive” (Kosovo) de Blerta Basholli

 

Direção - Drama
Blerta Basholli por “Hive”

 

Prêmio Especial do Júri / Atuação - Drama
Jesmark Scicluna por “Luzzu” (Malta)

 

Prêmio Especial do Júri / Visão criativa - Drama
Baz Poonpiriya por “One for the Road” (China, Hong Kong e Tailândia)


 


“FLEE” (EUA, Reino Unido, França, Suécia, Noruega e Dinamarca) de Jonas Poher Rasmussen

 

Filme - Documentário
“Flee” (EUA, Reino Unido, França, Suécia, Noruega e Dinamarca) de Jonas Poher Rasmussen

 

Prêmio do Público - Documentário
“Writing With Fire” (Índia) de Sushmit Ghosh e Rintu Thomas

 

Direção - Documentário
Hogir Hirori por “Sabaya” (Suécia)

 

Prêmio Especial do Júri / Cineasta Vérité - Documentário
Camilla Nielsson por “President” (Dinamarca, EUA e Noruega)

 

Prêmio Especial do Júri – Impacto para mudanças - Documentário

Rintu Thomas e Sushmit Ghosh por “Writing With Fire”

 

 


ESPECIAIS


 

Prêmio do Público - NEXT
Marion Hill por “My Belle, My Beauty” (EUA e França)

 

Prêmio Inovação - NEXT
Dash Shaw (diretor/escritor) e Jane Samborski (diretor de animação) por “Cryptozoo” (EUA)

 

Prêmio Alfred P. Sloan – Filme
Alexis Gambis por “Son of Monarchs” (EUA e México)

 

Prêmio Instituto Sundance / Amazon Studios / Filme - Ficção
Natalie Qasabian por “Run” (EUA)

 

Prêmio Instituto Sundance / Amazon Studios / Filme - Documentário
Nicole Salazar por “Philly D.A.” (EUA)

 

Prêmio Instituto Sundance / NHK
Meryam Joobeur por “Motherhood” ( Tunísia, Canadá, França e Catar)

 

Prêmio Instituto Sundance / Mentoria Adobe / Melhor Edição - Não-ficção
Juli Vizza

 

Prêmio Instituto Sundance / Mentoria Adobe / Edição - Ficção
Terilyn Shropshire