DESEJOS (Final Analysis, EUA, 1992)
Direção: Phil Joanou
Elenco: Richard Gere, Kim Basinger, Uma Thurman,
Eric Roberts
O divã já não é mais o mesmo. De local reservado
para aqueles que buscam apoio de psicanalistas, ele passou a ser utilizado como
pretexto ou cenário para cenas de amor e paixão envolvendo terapeutas e
pacientes. Pelo menos é isto que alguns filmes recentes (1992) produzidos em
Hollywood mostram. Este é o caso, por exemplo, de O Príncipe das Marés, dirigido e estrelado por Barbra Streisand, e
o polêmico Instinto Selvagem, de Paul
Verhoeven. Os dois filmes trazem psiquiatras (femininas) que acabam por namorar
seus pacientes, substituindo (ou seria confundindo?) as confidências terapêuticas
por confidências amorosas. O código de ética da profissão recomenda que não
haja relacionamento amoroso entre psiquiatras / psicanalistas e os pacientes
que tratam. Mas, quem disse que esta ética do mundo real deveria ser seguida à
risca no mundo da ficção de Hollywood? Afinal, amores proibidos sempre
esquentam os romances, seja nas telas ou nos livros.
Outro exemplar desta safra erótico-psiquiátrica é
este Desejos,
onde o personagem central é um psiquiatra as voltas com os problemas de uma
paciente muito complicada e não menos misteriosa. A figura do psiquiatra, na
maior parte dos filmes, sempre é tratada como uma personagem secundária. Raramente
são protagonistas de uma história, pois sua presença nas tramas normalmente se
limita a sequências isoladas, com impacto limitado no desenvolvimento dos
enredos.
Mas este não é o caso de Desejos. Aqui o psiquiatra Isaac Barr, vivido por Richard Gere, é o
foco central da narrativa deste thriller de suspense. Ele é um respeitado e bem
sucedido profissional que ao tentar interpretar os sonhos de uma paciente,
Diana Baylor (Uma Thurman), acaba por se envolver com a irmã, Heather Evans
(Kim Basinger). À medida que as confidências de Diana vão sendo relatadas no
divã, o psiquiatra, a pretexto de melhor conhecer a paciente, inicia um
relacionamento com a irmã. O que parecia apenas um caso amoroso acaba por se
transformar numa trama de adultério e assassinato. Neste triângulo de paixões
nem tudo é como parece ser à primeira vista. As aparências enganam e os desejos
não confessados jogam os personagens num jogo perigoso.
Este filme marca a volta à telas da dupla Richard
Gere e Kim Basinger. A primeira vez foi em Sem
Perdão (No Mercy, 1986), cujo resultado ficou aquém do que se poderia
esperar levando-se em conta peso dos nomes. Naquela oportunidade o encontro das
duas estrelas não provocou o frisson esperado,
ficaram devendo. Este desejo foi então adiado para este Desejos, que teve mais sorte no resultado final. Este é um
eficiente trabalho do jovem realizador Phil Joanou, que dirigiu também o
documentário Rattle & Hum com o
grupo U2. Sem dúvida a química da dupla desta vez funcionou plenamente. Muito
contribuiu para isto o roteiro ágil e cheio de reviravoltas, escrito por Wesley
Strick, o mesmo de Cabo do Medo e Batman – O Retorno.
Assista o trailer: Desejos
(Texto originalmente
publicado no jornal “Correio Lageano” (Lages – SC) / Julho de 1992)
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