Em 1985 diversos
pacotes de cocaína foram lançados de um avião de contrabandistas sobre uma
floresta no estado da Georgia (EUA). Este episódio verídico, que recebeu grande
atenção da imprensa à época, é apenas o ponto de partida para o longa O
Urso do Pó Branco (Cocaine bear). A partir deste fato inusitado a
imaginação dos roteiristas entra em ação para contar o que poderia ter ocorrido
após um urso encontrar os pacotes da droga, cheirar o pó, ficar doidão e sair
barbarizando todos os humanos que encontra pela frente. A história possui todos
os elementos para uma história de horror, mas o que temos aqui é a mais
escrachada das comédias, cujo urso protagonista mereceria sim o apelido de “Pablo
Escobear”.
A direção da
comédia é de Elizabeth Banks, atriz que está cada vez mais se consolidando como
realizadora, cujo último trabalho atrás das câmeras havia sido a mal sucedida
nova versão de As Panteras, em 2019,
estrelada por Kristen Stewart. Com as “panteras” Elizabeth Banks não se deu bem
nas bilheterias, mas com o urso “Pablo Escobear” ela acertou a mão. O filme tem
sido recebido pela crítica e público como um divertido entretenimento, que
desperta um gatilho nostálgico que nos remete às comédias malucas com a marca
registrada dos anos 80.
O climão
oitentista está presente nos 91 minutos de duração de O Urso do Pó Branco. É absolutamente intencional o desejo de Banks
em recriar o estilo do humor meio non
sense e escatológico das comédias de 35/40 anos atrás. Para tanto parece
que a realizadora buscou inspiração direto na fonte, com realizadores como Sam
Raimi (especialmente pela trilogia Evil
Dead) e os irmão Coen dos primeiros filmes (antes de começarem a se levar a
sérios demais). A propósito, Banks fez muito bem este tema de casa. Seu filme é
suficientemente esperto e eficiente justamente por um descompromisso em
problematizar e cair na tentação de criar camadas de complexidade para um
enredo cuja premissa não passa de uma grande bobagem.
O Urso do Pó Branco é aquele tipo de filme
que seria um sucesso nas prateleiras das finadas videolocadoras de VHS. Um
pouco de violência, um pouco de sangue e vísceras, um tanto de humor pastelão,
um punhado de personagens descartáveis e um urso chapadão botando pra quebrar.
No elenco um destaque para a participação de Ray Liotta como um descontrolado
mafioso de segundo escalão, seu último papel no cinema, antes do morrer em
2022.
Uma versão brazuca possível desta história poderia ser inspirada no chamado “Verão de lata”, que ocorreu em
1987, quando centenas de latas com maconha surgiram boiando no litoral do Rio
de Janeiro. Se um urso cheira pó, um tubarão pode “fumar” maconha, não é
verdade? Então, roteiristas, mãos à obra.Assista ao trailer: O Urso do Pó Branco
Jorge Ghiorzi /
Membro da ACCIRS
janeladatela@gmail.com
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