O conto fantástico que apresenta um gênio da lâmpada que concede três desejos faz parte da compilação árabe “Mil e Uma Noites”. Graças às inúmeras versões cinematográficas a história ganhou popularidade e se incorporou também na tradição ocidental. A mais nova versão deste conto, que chega às telas pelas mãos de George Miller, traz uma nova abordagem. O gênio, sempre tratado como um personagem secundário, desta fez é alçado à condição de coprotagonista e narrador da história.
A filmografia do australiano George Miller é um caso à parte pela diversidade de temas, abordagens e gêneros. Aos 77 anos o diretor segue filmando com a energia de diretor estreante, sem medo de se aventurar por terrenos inexplorados, desafiando riscos. O cineasta que criou Mad Max nos anos 70, já filmou porquinhos e pinguins digitais e recentemente nos entregou o vigoroso Mad Max: Estrada da Fúria, não para de nos surpreender. Seu mais recente trabalho, Era Uma Vez um Gênio (Three Thousand Years of Longing), é um misto de drama, romance e comédia que se insere na mesma linha de, por exemplo, As Bruxas de Eastwick - que Miller realizou em 1987 – no que se refere à inserção de elementos de fantasia na narrativa.
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O filme em grande medida resgata a tradição das histórias orais colocando em cena um narrador (no caso o próprio djinn) como uma espécie de menestrel que supervaloriza sua própria biografia. O objetivo era seduzir sua interlocutora com suas incríveis aventuras por reinos e reinados ao longo da história. Mas, para azar do gênio sedutor, Alithea é uma pessoa racional demais para embarcar naquelas narrativas. É neste ponto que se revela o tema central do filme: o conflito entre Mito e Ciência.
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A estrutura de uma história, dentro de uma história, dentro de uma história de Era Uma Vez um Gênio nos leva inevitavelmente a uma narrativa episódica, que raramente conquista a atenção da plateia, e aqui, particularmente, é maçante por vários momentos. O todo e suas partes tende a ser um pouco dispersivo, pois o ritmo dramatúrgico é sacrificado em favor de uma narrativa que parece se encantar demasiadamente com os encantos da própria história que está encenando. Onde tudo isso nos leva?
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Então, só nos resta dizer: “Senhor Miller, por favor, volte logo para a estrada furiosa”.
Assista ao trailer: Era Uma Vez um Gênio
Jorge Ghiorzi / Membro da ACCIRS
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