O Festival de Cannes de 2016
ficará marcado na história pelos brasileiros por um fato de repercussão
internacional: o protesto da equipe do filme Aquarius no tapete vermelho da Croisette. Mas à esta edição do
Festival deverá também ser creditado o bem-vindo resgate de uma importante
personalidade do cinema brasileiro, nossa maior estrela internacional em
atividade – Sônia Braga. Após alguns anos de relativo afastamento do
protagonismo e das manchetes, a atriz recebeu o reconhecimento de uma
verdadeira estrela que sempre foi. Seu elogiado desempenho em Aquarius foi apontado, na ocasião, como
um dos favoritos ao prêmio de interpretação do Festival, que acabou agraciando
a atriz filipina Jaclyn Jose do filme Ma’Rosa.
Neste momento tão
especial na carreira da atriz, vale a pena relembrar um pouco de sua
trajetória. Natural de Maringá (PR), Sônia Braga, ainda adolescente, iniciou a
vida artística pelo teatro em pequenas montagens. Em 1970 participou da
primeira montagem brasileira da icônica peça Hair, onde causou escândalo por aparecer nua em cena. Neste mesmo
ano participou da sua primeira novela na TV, Irmãos Coragem, e atingiu o auge de popularidade em 1975 quando
estrelou a novela Gabriela.
O cinema entrou na vida
de Sônia Braga um pouco antes. Foi em 1968, quando a atriz ganhou um pequeno
papel no clássico O Bandido da Luz
Vermelha, de Rogério Sganzerla. O primeiro grande papel de Sônia Braga no
cinema aconteceu oito anos depois. E que papel. Ela foi a Dona Flor no grande
sucesso e recordista de bilheteria do cinema brasileiro: Dona Flor e Seus Dois Maridos, dirigido por Bruno Barreto. Dois
anos depois fez A Dama do Lotação,
que filme que a tornou o maior símbolo sexual brasileiro dos anos 70. No início
da década de 80 faz Eu Te Amo, sob a
direção de Arnaldo Jabor, papel com o qual conquista o Kikito de Melhor Atriz
no Festival de Cinema de Gramado.
Poucos anos depois vive uma
primeira experiência internacional ao participar da adaptação cinematográfica Gabriela (1983), ao lado do astro
italiano Marcello Mastroianni. O ano de 1985 marcou uma virada na carreira da
atriz. Ao estrelar a coprodução Brasil-EUA O
Beijo da Mulher Aranha, dirigida por Hector Babenco, Sônia Braga atraiu a
atenção da imprensa internacional e dos produtores norte-americanos. Aproveitando
o momento favorável, Sônia Braga decide tentar carreira internacional e se transfere
para os Estados Unidos.
Em 1987 se torna a
primeira brasileira a apresentar uma categoria na cerimônia de entrega do
Oscar, ao lado de Michael Douglas. E logo no ano seguinte inicia de fato sua
carreira em Hollywood ao fazer par romântico com Robert Redford no drama Rebelião em Milagro, papel que lhe
rendeu uma indicação ao Globo de Ouro. Logo em seguida participa de Rookie – Um Profissional do Perigo,
filme policial de ação dirigido e estrelado por Clint Eastwood.
Uma década depois volta
ao Brasil e mergulha mais uma vez no universo de Jorge Amado, protagonizando a
versão cinematográfica Tieta do Agreste
(1996), dirigida por Cacá Diégues. No seu retorno aos EUA Sônia Braga participa
de muitos telefilmes (de baixa repercussão e interesse) e episódios em várias
séries de TV (Alias; C.S.I.; Sex and the City; Law &
Order; Ghost Whisperer; Desperate Housewifes e outras).
Agora, Sonia Braga vive
um comeback graças à Aquarius e tudo indica que retomará sua
carreira em grande estilo.
(Texto originalmente publicado
no portal “Movi+” em maio de 2016)
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