quinta-feira, 23 de março de 2017

O retorno de Sônia Braga


O Festival de Cannes de 2016 ficará marcado na história pelos brasileiros por um fato de repercussão internacional: o protesto da equipe do filme Aquarius no tapete vermelho da Croisette. Mas à esta edição do Festival deverá também ser creditado o bem-vindo resgate de uma importante personalidade do cinema brasileiro, nossa maior estrela internacional em atividade – Sônia Braga. Após alguns anos de relativo afastamento do protagonismo e das manchetes, a atriz recebeu o reconhecimento de uma verdadeira estrela que sempre foi. Seu elogiado desempenho em Aquarius foi apontado, na ocasião, como um dos favoritos ao prêmio de interpretação do Festival, que acabou agraciando a atriz filipina Jaclyn Jose do filme Ma’Rosa.


Neste momento tão especial na carreira da atriz, vale a pena relembrar um pouco de sua trajetória. Natural de Maringá (PR), Sônia Braga, ainda adolescente, iniciou a vida artística pelo teatro em pequenas montagens. Em 1970 participou da primeira montagem brasileira da icônica peça Hair, onde causou escândalo por aparecer nua em cena. Neste mesmo ano participou da sua primeira novela na TV, Irmãos Coragem, e atingiu o auge de popularidade em 1975 quando estrelou a novela Gabriela.


O cinema entrou na vida de Sônia Braga um pouco antes. Foi em 1968, quando a atriz ganhou um pequeno papel no clássico O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla. O primeiro grande papel de Sônia Braga no cinema aconteceu oito anos depois. E que papel. Ela foi a Dona Flor no grande sucesso e recordista de bilheteria do cinema brasileiro: Dona Flor e Seus Dois Maridos, dirigido por Bruno Barreto. Dois anos depois fez A Dama do Lotação, que filme que a tornou o maior símbolo sexual brasileiro dos anos 70. No início da década de 80 faz Eu Te Amo, sob a direção de Arnaldo Jabor, papel com o qual conquista o Kikito de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Gramado.


Poucos anos depois vive uma primeira experiência internacional ao participar da adaptação cinematográfica Gabriela (1983), ao lado do astro italiano Marcello Mastroianni. O ano de 1985 marcou uma virada na carreira da atriz. Ao estrelar a coprodução Brasil-EUA O Beijo da Mulher Aranha, dirigida por Hector Babenco, Sônia Braga atraiu a atenção da imprensa internacional e dos produtores norte-americanos. Aproveitando o momento favorável, Sônia Braga decide tentar carreira internacional e se transfere para os Estados Unidos.


Em 1987 se torna a primeira brasileira a apresentar uma categoria na cerimônia de entrega do Oscar, ao lado de Michael Douglas. E logo no ano seguinte inicia de fato sua carreira em Hollywood ao fazer par romântico com Robert Redford no drama Rebelião em Milagro, papel que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro. Logo em seguida participa de Rookie – Um Profissional do Perigo, filme policial de ação dirigido e estrelado por Clint Eastwood.

Uma década depois volta ao Brasil e mergulha mais uma vez no universo de Jorge Amado, protagonizando a versão cinematográfica Tieta do Agreste (1996), dirigida por Cacá Diégues. No seu retorno aos EUA Sônia Braga participa de muitos telefilmes (de baixa repercussão e interesse) e episódios em várias séries de TV (Alias; C.S.I.; Sex and the City; Law & Order; Ghost Whisperer; Desperate Housewifes e outras).


Agora, Sonia Braga vive um comeback graças à Aquarius e tudo indica que retomará sua carreira em grande estilo.

(Texto originalmente publicado no portal “Movi+” em maio de 2016)

Jorge Ghiorzi

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