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quarta-feira, 12 de julho de 2023

Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um: o auge da franquia

 

Depois de salvar as salas de cinema atraindo multidões no momento crítico de retomada da atividade na pós-pandemia, com o mega êxito Top Gun: Maverick em 2022, Tom Cruise assumiu para si uma nova missão: revitalizar os filmes de ação, sufocados pela avassaladora invasão dos universos dos super-heróis e pelo impasse criativo do gênero que se perdia em fórmulas vencidas. Então, missão dada é missão cumprida. Cruise injetou doses maciças de adrenalina na franquia Missão: Impossível, especialmente a partir dos três últimos episódios. O 7º capítulo acaba de chegar aos cinemas. Além de colocar a série em seu ápice, transforma a saga de Ethan Hunt e sua IMF (ainda longe de encerrar) em um marco do cinema de entretenimento contemporâneo, que se supera a cada novo capítulo. Algo que a franquia Indiana Jones teve todas as oportunidades para ser, mas se perdeu pelo caminho. Mas isso é outra conversa.

Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um (Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One) é o terceiro trabalho de direção de Christopher McQuarrie na franquia (os anteriores foram Nação Secreta, em 2015, e Efeito Fallout, em 2018). Seguindo o padrão da série, a equipe do IMF, formada por Ethan (Tom Cruise), Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), Benji Dunn (Simon Pegg) e Luther Stickell (Ving Rhames), é mais uma vez convocada para entrar em cena para impedir que uma aterrorizante arma tecnológica caia em mãos erradas, o que representaria uma ameaça de âmbito global com risco para toda a humanidade. Na corrida frenética e perigosa da equipe ao redor do mundo Ethan ainda é confrontado com um inimigo misterioso e mortal, um velho conhecido do passado, com o qual tem um acerto de contar a fazer.


A trama de MI7 lida com ameaças e perigos da Inteligência Artificial, ou seja, o excesso do uso da tecnologia que está imbricada em todos os momentos e situação do nosso dia a dia cada vez mais conectado. O subtexto do filme de Christopher McQuarrie (também roteirista) traz uma crítica a este uso e submissão excessiva à tecnologia que nos controla. É possível que neste posicionamento o filme reflita um pouco do posicionamento pessoal de Tom Cruise, um crítico contumaz do streaming, por exemplo. Neste contexto, não deixa de ser emblemático que o grande MacGuffin da narrativa é uma prosaica e analógica chave, um objeto suficientemente simbólico e representativo por si só, que contrasta com a tecnologia de ponta apresentada no universo do filme.

Como qualquer MacGuffin que se preze, a tal chave troca de mão em mão, entre os vilões e mocinhos da trama. O que nos leva a uma vertiginosa viagem proposta por MI7. Do deserto do Marrocos às ruas e vielas de Roma e Veneza, de um movimentado aeroporto em Abu Dhabi às planícies geladas da Áustria. Em cada uma das etapas temos uma unidade de ação praticamente independente, como se McQuarrie propusesse pequenos minifilmes, como fossem fases de um grande videogame em evolução.


Ao longo dos sete filmes da série MI a personagem de Tom Cruise foi evoluindo e agregando novas camadas e nuances em sua personalidade. De um espião quase ingênuo, no primeiro filme dirigido por Brian De Palma em 1996, até se transformar no destemido e voluntarioso agente dos filmes mais recentes, Ethan Hunt, no entanto, preserva seus maiores valores, a lealdade com seus companheiros e sua eterna suspeita com as reais intenções dos dirigentes políticos e forças que dizem lutar pela liberdade. Diferente do realista, trágico e rancoroso agente James Bond da fase Daniel Craig, por exemplo, o Ethan Hunt de Tom Cruise segue por um caminho mais dinâmico e visceral, o tipo de herói com o qual a plateia se identifica e pelo qual torce e vibra a cada sequência. Neste aspecto, MI7 não deixa dúvida.


Para os cinéfilos há pelo menos duas referências cinematográficas saborosas e saudosistas que não podem passar em branco. Uma delas é um tributo à célebre e icônica sequência do salto de moto de Steve McQueen em Fugindo do Inferno (1963). A outra é uma homenagem ao primeiro filme da série Missão: Impossível, com uma sequência vertiginosa de um trem em alta velocidade por um túnel.


Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um é um filme de ação superlativo. Uma aventura empolgante que faz o tempo voar, sem exaustão, por suas quase 3 horas de duração. E pensar que apenas acabamos de assistir metade da história, inconclusa nesta primeira parte. A sequência e o desfecho só veremos, a princípio, em 2024. Então, que o tempo voe até lá.

Assista ao trailer: Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um


Jorge Ghiorzi / Membro da ACCIRS

janeladatela@gmail.com