quarta-feira, 18 de novembro de 2020

"O Poderoso Chefão: Parte III" é relançado em nova versão


 Filme de Francis Ford Coppola completa 30 anos e retorna aos cinemas

 

A Paramount Pictures lança uma nova edição do último filme da trilogia épica ‘O Poderoso Chefão’, de Francis Ford Coppola, intitulada O PODEROSO CHEFÃO DE MARIO PUZO - DESFECHO: A MORTE DE MICHAEL CORLEONE, baseada no best seller de Mario Puzo. O estúdio também traz a notícia para deixar todos os fãs entusiasmados: o filme será lançado nas salas de cinema no dia 3 de dezembro, e também nas plataformas digitais NET NOW Claro, Sky, Apple TV, Google Play, Vivo, Oi, Xbox Video, PlayStation Store para aluguel e compra a partir dia 8 de dezembro.


Esta nova versão de ‘O Poderoso Chefão: Parte III’ atinge a visão original do diretor Coppola e do roteirista Puzo para o final, que foi meticulosamente restaurada para uma melhor apresentação do último capítulo da saga dos Corleone, que é legitimamente vista como uma das maiores da história do cinema.

’O PODEROSO CHEFÃO DE MARIO PUZO - DESFECHO: A MORTE DE MICHAEL CORLEONE’ é um reconhecimento do título de Mario, e também meu preferido, que retrata nossas intenções originais para o que se tornou 'O Poderoso Chefão: Parte III'", disse Coppola. "Para esta versão, reorganizei cenas tomadas e combinações musicais. Com essas mudanças, mais a filmagem e o som restaurados, esta é, para mim, uma conclusão mais apropriada para 'O Poderoso Chefão' e 'O Poderoso Chefão: Parte II' e estou grato a Jim Gianopulos e à Paramount por me permitirem revisitá-la".



Coppola e sua produtora, American Zoetrope, trabalharam a partir de uma varredura de 4K do negativo original para empreender uma cuidadosa restauração quadro a quadro do novo filme e o original ‘O Poderoso Chefão: Parte III’. A fim de criar a melhor apresentação possível, a equipe de restauração da Zoetrope e da Paramount começaram procurando por mais de 50 tomadas originais para substituir as óticas de menor resolução no negativo original. Este processo levou mais de 6 meses e envolveu a peneiração de 300 caixas de negativos. A Zoetrope trabalhou cuidadosamente para reparar arranhões, manchas e outras anomalias, que não puderam ser tratadas anteriormente devido às restrições tecnológicas, enquanto melhorias foram feitas na mistura do áudio 5.1 original.

Estes esforços minuciosos de restauração não foram imunes à pandemia do novo coronavírus. Na metade do projeto, todo o trabalho - mesmo a busca do negativo - foi realizado pela Zoetrope e pela Paramount remotamente. "O Sr. Coppola supervisionou todos os aspectos da restauração enquanto trabalhava na nova edição, assegurando que o filme não só tenha uma aparência e um som impecável, mas também atenda seus padrões pessoais e sua visão de direção", disse Andrea Kalas, vice-presidente senior da Paramount Archives.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

“Tenet”: labirintos do tempo


Uma providencial viagem no tempo poderia ter alertado Christopher Nolan que o lançamento do seu novo filme iria bater de frente com uma pandemia mundial e salas de cinema fechadas. Ironicamente a premissa de Tenet (Tenet) trata exatamente desta possibilidade fantástica de transitar sobre o tempo em qualquer uma de suas direções: avançando ou recuando. No conceito apresentado pelo filme, mais do que uma viagem no tempo, na verdade trata-se de uma inversão temporal.

Notória foi a briga de Nolan com a Warner para assegurar o lançamento nos cinemas, em substituição ao streaming, que foi o caminho adotado por outros filmes neste ano de 2020. Ganhou a disputa, ainda que o lançamento tenha sido adiado por três vezes. Enfim, finalmente Tenet chega às tela de cinema, conforme Nolan concebeu no projeto original, que propõe às plateias uma experiência imersiva “realista” que só o formato de captação das câmeras IMAX proporciona.


Expectativas elevadas costumam distorcer avaliações, para o bem ou para o mal. Certamente Tenet sofrerá desta condição. A ousadia tem sido uma marca autoral do cinema de Christopher Nolan. A exemplo de seu ídolo confesso, Stanley Kubrick, Nolan também busca quebrar paradigmas, avançar limites e subverter narrativas em todos os gêneros com os quais trabalha. Foi assim com o filme policial (Amnésia), com o filme baseado em quadrinhos (a trilogia Cavaleiro das Trevas), com o filme de drama (O Grande Truque), com o filme de ação (A Origem), com o filme de ficção científica (Interestelar) e com o filmes de guerra (Dunkink). Há, sem dúvida, um ponto comum em todos eles: absolutamente, não são filmes convencionais. Então, com esta bagagem toda, a expectativa por Tenet não poderia ser nada menos que elevadíssima. O gênero da vez é o filme de espionagem, aquele que fez a fama e a glória do agente 007, James Bond.


Tenet é a Spectre de Nolan

Um agente (John David Washington, de Infiltrado na Klan), conhecido apenas pelo termo “Protagonista”, é designado para uma missão internacional em busca de pistas sobre o contrabando de rejeitos nucleares. A suspeita é que os criminosos estejam fazendo uso de uma inovadora tecnologia de inversão da entropia da matéria - que permite reverter o fluxo de tempo de objetos e pessoas – para a construção de um artefato com poderio de destruição global. Juntamente com o agente Neil (Robert Pattinson) o “Protagonista” é introduzido na organização “Tenet” para confrontar o antagonista russo Sator (Kenneth Branagh).

Eliminando-se o fantástico conceito temporal de quebra das leis da física (conhecidas até então, diga-se), o que resta da trama de Tenet não passa de uma aventura de espionagem básica que caberia muito bem na série do já citado James Bond. Inclua-se aí um vilão algo caricato e raso, onde o Sator de Branagh faz às vezes de um genérico Blofeld, o mais famoso arqui-inimigo de 007, sem faltar até mesmo o infalível plano maligno de destruir o mundo. Mas, o conceito da inversão do tempo está lá, é parte ativa essencial da narrativa e isto por si só necessariamente já coloca Tenet em outro patamar de ambição artística.


Ao longo do filme por três vezes somos apresentados à teoria e à explicação do funcionamento da tal “entropia reversa dos objetos”. A cada nível de explanação mais aprofundamos o conhecimento sobre o funcionamento controlado da linha temporal, e mais ainda mergulhamos nos intricados labirintos do tempo e suas consequências. Não é fácil este entendimento e em dado momento nosso cérebro literalmente dá um nó. Resta-nos, por fim, apenas a suspensão de descrença para nos deixar levar por uma história cheia de imaginação e complexidade. Não assumir este posicionamento significa necessariamente uma rejeição à Tenet dado o incômodo sensorial que provoca por sua subjetiva lógica interna.

Assistir Tenet equivaleria, analogamente, a assistir De Volta Para o Futuro - Parte 1 e De Volta Para o Futuro – Parte 2 juntos, ao mesmo tempo. O cérebro que resolva os impasses e paradoxos. Superado isso, é uma aventura e tanto. Como escreveu William Shakespeare “a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido algum”.

Tenet sem dúvida é uma aposta ousada de Christopher Nolan, um cineasta que, devemos reconhecer, não se permite ficar na zona de conforto. Nem sempre acerta na totalidade, como parece ser o caso. Ainda assim, seu filme de espionagem é grandioso, engenhoso e criativo, nos presenteando ainda com espetaculares sequências de ação. Tenet em essência é uma experiência, um experimento que exige muito o comprometimento da plateia. E, claro, a quase obrigatoriedade de assistir mais de uma vez.

Assista o trailer: Tenet

Jorge Ghiorzi

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

“FESTIVAL NOLAN” ANTECIPA ESTREIA DE “TENET” NAS SALAS DE CINEMA


Promovido pela Warner, o Festival Nolan (iniciado no dia 15 de outubro) homenageia o aclamado diretor Christopher Nolan. Nele os cinéfilos e fãs do realizador poderão assistir (ou reassistir) a quatro de seus sucessos de bilheteria nas telonas do Brasil. O Festival apresentará os filmes: A Origem, que comemora seu aniversário de 10 anos de lançamento; Dunkirk; Interestelar e Batman - O Cavaleiro das Trevas.

O Festival também tem a função de servir como um “aquecimento” para o mais novo lançamento de Christopher Nolan, o aguardado Tenet, com a exibição de um material especial e inédito de bastidores, com 10 minutos de duração. Com estreia prevista para 29 de outubro no Brasil, Tenet é um espetáculo de ação e ficção científica, em que o protagonista, vivido por John David Washington, está armado com apenas uma palavra - Tenet - e lutando pela sobrevivência de todo o mundo, enquanto viaja por um obscuro mundo de espionagem internacional em uma missão que se desdobra em algo além do tempo real.


A exibição dos longas nos cinemas é mais uma opção para os espectadores dentro do calendário de lançamentos da retomada do setor cinematográfico, e só estará disponível em cidades em que os protocolos de segurança autorizam a exibição e funcionamento das salas de cinema.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Empresas da indústria do Cinema no Brasil se unem na campanha #JuntosPeloCinema


Por mais de três meses, profissionais se uniram para colaborar
num projeto que apoia as empresas na preparação para
o momento em que as salas de cinema vierem a reabrir

Pela primeira vez no mercado brasileiro, exibidores, distribuidores, produtores, criativos e parceiros da indústria estão envolvidos em um projeto único com o intuito de preparar e implementar a retomada do cinema no Brasil, num movimento chamado #JuntosPeloCinema. É uma ação inédita que, respeitando a individualidade de cada empresa e mantendo a livre concorrência, busca ações para manter acesa a magia do cinema. Colaborando desde final de março, o grupo de profissionais voluntários envolvidos no projeto tem como meta retomar o diálogo entre a experiência da sala de cinema e o público, de agora até o momento de reabertura das salas pelas autoridades, respeitando os protocolos aplicáveis de segurança e bem-estar já determinados ou em elaboração pelos governos locais.

A ideia nasceu dos profissionais que atuam no meio audiovisual visando auxiliar o segmento de mercado de exibição no Brasil a reencontrar seu público. As ações concretas são mediadas pela Flix Media, empresa especializada em comercialização de espaços publicitários no cinema. Conforme o time da Flix comunicava a ideia da campanha #JuntosPeloCinema, diferentes profissionais e mais players aderiam ao projeto. Neste momento, o que importa é uma coisa: relembrar a experiência incomparável da exibição nas salas de cinema. Esse esforço coletivo e pro bono de mais de 200 profissionais do mercado em prol do cinema é fundado no propósito de oferecer um ambiente de segurança e bem-estar para o público e de preservar milhares de empregos ligados à indústria cinematográfica, do set de filmagem à sala de exibição.

Como resultado, o movimento faz grandes entregas: uma campanha de comunicação que visa fortalecer o vínculo entre o cinema e o seu público. Um estudo sobre os protocolos de segurança e bem-estar desenvolvidos por governos e autoridades de saúde dá apoio, especialmente, aos pequenos e médios exibidores para que possam reabrir as salas com pleno atendimento às diretrizes de biossegurança que são determinadas pelos governos. E o Festival De Volta Para O Cinema, que dará as boas-vindas para o público quando as salas reabrirem.

Na primeira fase da campanha – ainda com as salas sem atividades de exibição -, mais de 300 veículos de mídia abrem espaço em sua sem suas programações para divulgar um vídeo que reforça os laços do público com o cinema.

Na segunda fase, um pouco antes da data de reabertura das salas ao público – que é determinada pelas autoridades -, se inicia a comunicação sobre os novos procedimentos que acompanham toda a jornada do espectador dentro do cinema. Serão oferecidos aos exibidores materiais que explicam os protocolos elaborados pelos governos locais - eles variam de cidade para cidade ou de estado para estado. Para esta etapa, tem sido fundamental a participação de entidades do setor como a Federação Nacional das Empresas Exibidoras de Cinema (Feneec), os sindicatos estaduais, seus associados e a Associação Brasileira de Multiplex (Abraplex). Eles acompanham a divulgação das diretrizes das autoridades competentes e estão orientando a aplicação dos protocolos.

E quando as salas de cinemas abrirem? O movimento #JuntosPeloCinema ainda irá ajudar a esclarecer as possíveis dúvidas dos espectadores, comunicará os filmes em cartaz ou a estrear e oferecerá um conteúdo muito especial: o Festival De Volta para o Cinema, idealizado pelo crítico, curador e apresentador Érico Borgo em parceria com distribuidores e exibidores, um projeto único na história do nosso cinema.

O Festival está programado para estrear junto com a reabertura das salas. Distribuidores nacionais e estrangeiros conseguiram os direitos e as cópias digitais de filmes que emocionaram os brasileiros. São clássicos, sucessos de bilheteria e crítica que integrarão com as estreias a programação de filmes nas duas primeiras semanas após a abertura.


Assista o vídeo da Campanha:



quarta-feira, 17 de junho de 2020

FanDome: uma mega experiência virtual e imersiva de 24 horas para fãs do universo da DC


Uma mega experiência virtual e imersiva de 24 horas para fãs que dará vida ao Universo da DC, com participação das estrelas, cineastas e criadores por trás dos maiores filmes, séries de TV, jogos e histórias em quadrinhos.
Marque a data no calendário e prepare seu cosplay! No dia 22 de agosto, sábado, a partir das 14h (horário de Brasília), a Warner Bros. dará boas-vindas a fãs do mundo inteiro ao DC FanDome - uma experiência virtual gratuita para fãs, na qual nenhuma credencial é necessária.
Imagine todos os Super-Heróis e Super-Vilões que você ama finalmente reunidos em um único lugar, para celebrar o passado, presente e futuro da DC. Acessível por 24 horas no site www.DCFanDome.com, o evento global colocará os fãs no Multiverso da DC, com novos anúncios da WB Games, Filmes, TV e quadrinhos, além de oportunidades únicas de ouvir dos elencos e criadores por trás de seus filmes e séries preferidos, incluindo: AquamanThe BatmanBatwoman, Black AdamBlack LightningDC Super Hero Girls, DC’s Legends of TomorrowDC’s StargirlDoom PatrolThe FlashArlequina, o Snyder Cut de Liga da Justiça, LuciferPennyworthSHAZAM!, The Suicide SquadSupergirl, Superman and Lois, Jovens Titãs EM AÇÃO!Titans, Watchmen, Young Justice: Outsiders e, chegando em breve aos cinemas de todo o mundo, Mulher-Maravilha 1984.
O DC FanDome é o lugar para ouvir os anúncios mais esperados e as últimas novidades, conferir vídeos exclusivos, e explorar os mundos tematizados que irão entreter a todos, de superfãs de TV e cinema, passando por jogadores e leitores, até famílias e crianças. Com apresentações especiais para fãs em todos os fusos horários ao redor do globo, você terá a oportunidade de vivenciar uma experiência só sua. Dentro desta convenção virtual, os fãs também terão acesso a eventos regionais, com rostos e vozes de vários países ao redor do mundo, em sua língua local. Independentemente de onde você more, sua idade ou o quanto você é fã, haverá algo para você.
Ann Sarnoff, Presidente e CEO da Warner Bros., diz, "Não há fã como o fã da DC. Por mais de 85 anos, o mundo se voltou aos heróis e histórias inspiradoras da DC para nos animar e entreter, e este massivo e imersivo evento digital dará a todos novas maneiras de personalizar sua jornada pelo Universo da DC, sem filas, sem ingressos e sem barreiras. Com o DC FanDome, somos capazes de dar aos fãs ao redor do mundo uma maneira única e empolgante de conectar-se com seus personagens preferidos da DC, além dos incríveis talentos que os trazem à vida nas páginas e nas telas."

Explorando o DC FanDome
O epicentro do DC FanDome é o Hall dos Heróis, onde você poderá experimentar a programação especial, painéis e revelação de conteúdo de vários filmes, séries de TV e jogos, disponível em vários idiomas, incluindo Português, Chinês, Inglês, Francês, Alemão, Italiano, Japonês, Coreano e Espanhol. De lá, navegue mais afundo no Multiverso da DC, explorando cinco mundos-satélites adicionais, cada um com seu próprio conteúdo localizado e atividades únicas e um mundo totalmente dedicado para nossos fãs mais jovens:
• DC WatchVerse: Aqui você pode relaxar e juntar-se à nossa plateia virtual. Fique completamente absorvido em horas de conteúdo imperdível de todo o mundo. Com tudo desde painéis e sessões imperdíveis a cenas nunca vistas, com participação de elencos, criadores e equipes por trás de Filmes, Séries, Home Entertainment e Jogos da DC.
• DC YouVerse: Explore este mundo no qual os FÃS são as estrelas, para ver os melhores conteúdos criados por usuários, cosplay e artes feitas por fãs ao redor do mundo, incluindo, talvez, o seu.
• DC KidsVerse: Precisa de uma maneira de entreter seus filhos por várias horas? Nós te ajudaremos com este mundo especial que pode ser acessado diretamente em www.DCKidsFanDome.com. Esta área contém uma vasta seleção de conteúdo e ativações apropriadas para a família e nossos fãs mais jovens.
• DC InsiderVerse: Este mundo baseado na criatividade contém um vídeo central apresentando o lendário artista e CCO/Publisher da DC Jim Lee, o Presidente de Produção de Filmes da DC Walter Hamada, e o criador do Arrowverse da TV, o Produtor Executivo Greg Berlanti, dando boas-vindas aos fãs com uma introdução básica ao Multiverso da DC. Daqui, acesse conteúdo de bastidores com os mestres que dão vida à DC em todas as formas, desde quadrinhos a jogos eletrônicos, TV, filmes, parques temáticos, produtos licenciados, e mais.
• DC FunVerse: Leve sua experiência no DC FanDome e encontre conteúdo compartilhável; confira nosso leitor de quadrinhos; kits "faça você mesmo" da Armadura Dourada de MM84 e do Batmóvel; além de brindes digitais, e uma loja cheia de produtos, incluindo itens exclusivos de edição limitada.
Confira Blerd & Boujee House
Onde estão os meus Blerds? A segunda celebração anual de cultura nerd negra retorna com a nova Blerd & Boujee House no DC FanDome, trazendo Blerds, LatinxGeeks e todos os tipos de nerds. Como qualquer um que teve a sorte de entrar na Primeira festa Blerd & Boujee (com a participação de DJ D-Nice) na San Diego Comic-Con 2019 pode confirmar, os fãs não podem perder as conexões e conversas direcionadas para a cultura.
Confira no site oficial, www.DCFanDome.com, frequentemente para atualizações adicionais sobre o que acontecerá dentro do DC FanDome, incluindo novo conteúdo no nosso novo blog, o Daily Star, que começa com uma nota de boas-vindas do próprio Jim Lee. Além disso, siga nossas redes sociais para receber novidades sobre a participação de membros dos elencos, criadores, roteiristas, artistas e desenvolvedores de jogos.
#DCFanDome
Facebook:
Instagram:
Twitter:

quinta-feira, 11 de junho de 2020

“Sindicato de Ladrões”: dilema moral


Grande vencedor do Oscar de 1955, nas categorias de Filme, Diretor, Ator, Atriz Coadjuvante, Direção de Arte em preto e branco, Fotografia em preto e branco, Edição e Roteiro, Sindicato de Ladrões (On the Waterfront) representou, em seu tempo, um importante momento de virada histórica nas produções tuteladas pelo academicismo de um modelo de cinema norte-americano que estava prestes a ruir na década seguinte. O filme dirigido por Elia Kazan introduziu com grande vigor altas doses de realismo social em uma produção que escapou do controle do sistema de estúdios. Sindicato de Ladrões foi uma bem sucedida experiência de Neorrealismo tardio em Hollywood.

O tema central do filme é uma palavrinha que andou muito em voga no Brasil em tempos recentes: delação. Trair ou não trair, reconhecer os mal feitos ou não, eis a questão. Este é o dilema moral de Terry Malloy, um trabalhador braçal da zona portuária de Nova Iorque, numa interpretação superior de Marlon Brando. Ele e seu irmão Charley (Rod Steiger) trabalham para o chefão mafioso Johnny Friendly (Lee J. Cobb) que controla com mão de ferro os sindicatos dos estivadores. Os irmãos fazem o chamado “trabalho sujo” do sindicato, controlando, ameaçando, explorando a mão de obra (fartamente disponível) e cobrando propina sobre os ganhos dos trabalhadores, sempre a mando do temido líder do grupo. Direitos trabalhistas? Nem pensar. Após se envolver, inocentemente, numa armadilha que resultou na execução de um estivador que não andou na linha, Terry acaba conhecendo a irmã da vítima, a bela Eddie (Eva Marie-Saint). O relacionamento entre os dois evolui para uma paixão amorosa, que acaba por despertar um forte sentimento de culpa em Terry. O seu drama interior o conduz a um ato final de redenção pessoal ao delatar os atos criminosos do chefe e libertar os trabalhadores da opressão de um sindicato comandado por gangsteres.


O ato da delação é um tema caro ao diretor Elia Kazan, ele próprio envolvido num episódio rumoroso que marcou definitivamente sua biografia. Na condição de ex-membro do Partido Comunista dos EUA, Kazan foi convocado em 1952 para depor na Comissão de Assuntos Antiamericanos do Congresso e denunciou vários colegas de profissão, que foram incluídos na “lista negra de Hollywood”, acusados pelo Macartismo de simpatizantes do comunismo. Em 1999 o diretor recebeu um Oscar honorário pelo conjunto da obra. Na cerimônia de entrega do prêmio a plateia ficou dividida neste reconhecimento. Num momento célebre da história da Academia, parte do público aplaudiu, mas alguns ficaram ostensivamente de braços cruzados, como Ed Harris, Nick Nolte, Sean Penn, Holly Hunter e Ian McKellen.

Lançado apenas dois anos após o depoimento na Comissão, Sindicato de Ladrões não deixa de ser uma ousadia de Elia Kazan por tratar de um tema tão próximo da sua própria realidade. Para a abordagem realista imaginada pelo realizador foi fundamental a decisão de realizar as filmagens quase que inteiramente em locações, com uma densa fotografia em preto e branco que reflete a crueza dos ambientes reais e das condições miseráveis dos trabalhadores que lutam pela sobrevivência ao custo de alguns trocados.


Outro fator que contribui para a elaboração do conceito da mise-en-scène é a incorporação de um novo tipo de atuação – praticado nos palcos, mas raramente no cinema – baseado no chamado “Método”, o estilo de interpretação promovido pelo Actors Studio (escola do próprio Kazan), que se baseia fundamentalmente na autenticidade da performance a partir das próprias vivências emocionais do atores. No papel de Terry Malloy, um personagem que evolui da alienação à autoconsciência, Marlon Brando usou e abusou do “Método” e compôs com sutileza de gestos, improvisos e humanidade um dos personagens mais icônicos do cinema norte-americano.

Sindicato de Ladrões foi uma produção que ousou – e arriscou – com uma estética distante de uma glamourização típica das produções hollywoodianas. Acrescente-se a este aspecto formal uma crítica social contundente que discutiu a questão da exploração trabalhista que tangencia o submundo da contravenção. Elia Kazan realizou um exemplar drama de crime e castigo que ainda faz sentido e impacta, passados mais de 65 anos de sua realização.

Assista o trailer: Sindicato de Ladrões

(Texto originalmente publicado na coluna “Cinefilia” do DVD Magazine em dezembro de 2017)

Jorge Ghiorzi

sábado, 16 de maio de 2020

“Traídos Pelo Desejo”: o sapo e o escorpião



Indicada em seis categorias do Oscar de 1993 – filme, direção, ator, edição, ator coadjuvante e roteiro original (pelo qual venceu) – Traídos pelo Desejo (The Crying Game, 1992) foi o filme-sensação daquele ano. Dirigido por Neil Jordan (A Companhia dos Lobos, Entrevista com o Vampiro, Nó na Garganta) a produção inglesa inicialmente não conquistou grande repercussão ao ser lançada na Grã-Bretanha. A situação mudou radicalmente quando chegou aos EUA, graças a uma maciça campanha de marketing que estimulou a curiosidade do público para o “segredo” do filme. Se Traídos pelo Desejo fosse lançado hoje, 25 anos depois, o tal “segredo” não resistiria mais do que poucos segundos após a primeira aparição da emblemática personagem central.

Em sua época o filme de Neil Jordan quebrou alguns paradigmas por tratar temas então polêmicos de forma franca e aberta numa produção mainstream. Traídos Pelo Desejo se apresenta inicialmente como uma trama política envolvendo questões separatistas da Irlanda, a bandeira de luta do IRA, o Exército Republicano Irlandês, grupo paramilitar que promovia atentados terroristas contra o governo britânico. O filme inicia justamente com uma destas ações. Um comando armado sequestra um soldado do exército inglês. O objetivo é trocá-lo por um membro da organização preso, caso contrário, ele seria executado no prazo de três dias. No cativeiro o guerrilheiro Fergus (Stephen Rea) é destacado para tomar conta do soldado sequestrado, Jody (Forrest Whitaker), até o desfecho das negociações. Durante a convivência forçada os dois acabam se aproximando e desenvolvem uma cumplicidade, quase uma amizade. Trocam confidências, contam histórias pessoais e revelam segredos. Uma das revelações de Jody é sua paixão pela namorada, a cabeleireira Dil (Jaye Davidson). Prestes a ser executado, Jody pede a Fergus que procure Dil, após sua morte, para lhe dizer o quanto a amava.


No segundo ato de Traídos Pelo Desejo o clima muda completamente e se transforma em um drama repleto de nuances psicológicas. Movido pela culpa, Fergus cumpre o último desejo do soldado. Tempos depois se aproxima de Dil, mas não conta toda a história. E por uma razão bem objetiva: ele também cai de amores pela cabeleireira. Mas, há um segredo a ser superado (não daremos spoiler aqui). Um segredo que vai colocar em xeque seus valores e convicções.

Sabidamente o contato íntimo e prolongado de um prisioneiro com seu algoz por vezes acaba por desenvolver uma curiosa relação de temor/dependência, a chamada Síndrome de Estocolmo, um estado psicológico que provoca sentimentos de amizade, e até amor, da vítima por seu agressor. A convivência de Fergus com Jody no cativeiro demonstra sinais desta patologia, que resultam numa espécie de dívida de consciência do guerrilheiro, abalado pelo trágico destino do refém que tinha a missão de cuidar e, por fim, executar, ainda que profundamente contrariado com o ato final que foi obrigado a cumprir. Fergus, na condição de guerrilheiro, não demonstrava um perfil agressivo que a atividade exigiria. Jody habilidosamente manipulou a mente de Fergus ao perceber sua verdadeira natureza. Fergus era o homem errado, na função errada. Em certa medida, o desaparecimento de Jody representou a libertação de Fergus, rumo à descoberta de seus verdadeiros sentimentos que são despertados quando conhece a sedutora Dil.


Nesta trajetória Fergus refaz um caminho semelhante ao do personagem de James Stewart em Um Corpo Que Cai: apaixona-se pelo objeto da sua busca. Um desejo que se transforma em obsessão, que se concretiza apenas quando aceita o objeto da sua paixão e a transforma na mulher idealizada, subvertendo a realidade dos fatos e da verdadeira natureza de Dil.

Traídos Pelo Desejo (um feliz título brasileiro) é um dos melhores exemplares do poderoso cinema inglês do início dos anos 90, que vivia então um momento de muita inspiração. Aquele era um tempo de produções de alta qualidade e grade visibilidade de uma geração de cineastas como Mike Leigh, Jim Sheridan, Mike Newell, Nicholas Hytner e Allan Parker, nos seus últimos momentos de brilho.


A discussão da verdadeira natureza das pessoas – contra a qual são travadas lutas inglórias – é a verdadeira essência do filme de Neil Jordan. Esta tese fica explicitamente caracterizada pela fábula do sapo e do escorpião, que é contada duas vezes durante o filme, por dois personagens diferentes. A historinha é mais ou menos assim: um escorpião quer atravessar um rio e pede ajuda para que um sapo o leve nas costas. Desconfiado o sapo se recusa, dizendo que será ferroado pelo escorpião durante a travessia. O escorpião diz que isto não vai acontecer. Se ele ferroar o sapo os dois morrerão afogados. O sapo então concorda em ajudar o escorpião. No meio da travessia o escorpião dá uma ferroada no sapo, que muito surpreso pergunta por que ele fez aquilo, afinal, os dois vão morrer agora. E o escorpião responde: “Eu não pude evitar, é a minha natureza”.

Apesar de ser a figura de destaque absoluto em Traídos Pelo Desejo, Jaye Davidson não chegou a desenvolver uma carreira no cinema. Seu único outro papel de destaque aconteceu dois anos após, na ficção científica Stargate – A Chave para o Futuro da Humanidade, dirigida por Roland Emmerich.

Assista o trailer: Traídos Pelo Desejo

(Texto originalmente publicado na coluna “Cinefilia” do DVD Magazine em outubro de 2017)

Jorge Ghiorzi