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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

“Moonfall – Ameaça Lunar”: mais um fim do mundo

 

Existem os Cavaleiros do Apocalipse. E existe Roland Emmerich. Todos com a mesma missão: destruir a Terra e aniquilar a humanidade. Os primeiros utilizaram como ameaças a peste, a guerra e a fome. Já o cineasta alemão vem tentando das mais diferentes formas: invasão alienígena, monstros gigantescos, aquecimento e resfriamento global, abalos sísmicos colossais. Ainda não conseguiu seu intento. Mas segue perseverando. Para a mais recente tentativa ele conta com o auxílio luxuoso do nosso satélite natural. Sim, ela mesmo, a Lua.

Mais legítimo herdeiro dos filmes catástrofe dos anos 70, Roland Emmerich, dadas as devidas proporções, é o Irvin Allen dos dias atuais. Quem não está ligando o nome à pessoa, Allen é o “mestre do desastre”, a mente criativa que concebeu seriados de TV como Viagem ao Fundo do Mar; Perdidos no Espaço; O Túnel do Tempo; Terra de Gigantes, e também se aventurou no cinema produzindo arrasa quarteirões (expressão bem adequada, diga-se) como O Destino do Poseidon (1972); O Enxame (1978) e o melhor filme catástrofe da década, apogeu do gênero, Inferno na Torre (1974).

Após a mal sucedida sequência de Independence Day (2016) Roland Emmerich resolveu retornar às origens, ou seja, investir em uma história original (!) com total liberdade de criação. E assim, chegamos a este Moonfall – Ameaça Lunar. Tudo começa quando uma força misteriosa tira a Lua da sua órbita e a coloca em rota de colisão contra a Terra. Semanas antes do impacto, e com o mundo à beira de aniquilação, Jo Fowler (Halle Berry), executiva e ex-astronauta da NASA, está convencida que tem a solução para salvar o planeta do desastre absoluto. Para colocar seu projeto em ação ela precisa recorrer a outro ex-astronauta, que caiu em desgraça após ser desligado da agência espacial, Brian Harper (Patrick Wilson). Junta-se a eles um pesquisador autodidata e teórico conspiracionista, K. C. Houseman (John Bradley), que na verdade foi a primeira pessoa a descobrir o problema da órbita lunar. Estes heróis improváveis são os únicos tripulantes da última missão suicida no espaço, deixando para trás todos os que amam, apenas para descobrir que a Lua não é exatamente o que pensávamos que era.

Colocando tudo na balança, Roland Emmerich mais uma vez apresenta um bem bolado fazendo uso de seus temas recorrentes. A saber: ameaça global + ciência questionada + herói desacreditado + coprotagonista improvável + núcleo familiar em crise + militares linha dura. Mexe aqui, remexe ali, e temos uma versão requentada das fórmulas de O Dia Depois de Amanhã e 2012. O que temos de bom nisso? Bem, se você desligar o botão do bom senso, da lógica e suspender a descrença, até pode se divertir. É cinemão pipoca na veia.

Então, se você entrar na sala de cinema com este espírito, já sabe o que vai encontrar. Não exija muito mais do que isto. Moonfall não tem ambição maior que não seja divertir. E aí talvez esteja seu mérito, pela honestidade da proposta. Roland Emmerich tem a absoluta certeza dos limites do que tem a oferecer. Então, seu esforço criativo é direcionado ao máximo para entregar minimamente um filme que estimule sensorialmente sua plateia, porque o cérebro deve ficar guardado na gaveta.


A sensação é que o realizador, por estar refém do seu formulismo, já está pouco se importando com o excesso de clichês que seus filmes apresentam. Tudo fica muito previsível, sem nuances e surpresas. Saldo positivo da tragédia anunciada: o filme diverte (quem estiver disposto a entrar na onda) e a Terra (ufa!) se salvou mais uma vez. O que o alemão estará tramando para o próximo ataque?

Assista ao trailer: Moonfall – Ameaça Lunar


Jorge Ghiorzi

Membro da ACCIRS