O ritual do exorcismo, popularizado com o filme de William Friedkin de 1973, é a prática litúrgica milenar da Igreja Católica que se destina a expulsar o demônio - em suas diversas formas - que se apossa do corpo dos seres humanos. A tradição diz que este ritual de orações só pode ser praticado por padres. Portanto, vetado às mulheres. Esta é a premissa que sustenta a trama de A Luz do Demônio (Prey for the Devil, 2022), dirigido pelo alemão Daniel Stamm, cineasta já escolado no tema dos demônios possessivos, pois também realizou no gênero O Último Exorcismo em 2010.
A freira Ann (Jacqueline Byers) trabalha em um hospital católico. Atuando como uma espécie de enfermeira, ela atende pacientes em distúrbio psiquiátrico, suspeitos de possessão demoníaca. Ou seja, pacientes que estão a um passo de se submeterem aos rituais do exorcismo. A abordagem de Ann foge dos padrões usuais da instituição. Ela busca uma conexão mais íntima e pessoal com os pacientes. O hospital, localizado em Boston (EUA), também sedia o que seria a primeira “escola de exorcismo” fora do Vaticano, onde os padres são educados e treinados na prática. Um dos professores, após perceber o dom especial de Ann, apoia sua presença nas aulas, ainda que o acesso aos conhecimentos ritualísticos do exorcismo seja um privilégio apenas aos homens. Então, chega o dia de colocar os conhecimentos à prova. Ann encara de frente um caso de possessão por uma força demoníaca que tem ligações com seu passado.
Mas não fique muito empolgado com esta possibilidade. O tema está colocado, porém distante do foco principal. O olhar feminino serve apenas para captar a empatia do espectador para a apresentação da protagonista feminina. O potencial do discurso feminista fica um tanto sufocado pelos clichês em série e situações corriqueiras, bastante previsíveis. Como todo terror convencional, A Luz do Demônio investe apenas nos sustos fáceis.
Assista ao trailer: A Luz do Demônio
Jorge Ghiorzi / Membro da ACCIRS
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