quarta-feira, 21 de julho de 2021

“Um Lugar Silencioso – Parte II”: poucas palavras, muita tensão


Lançado em 2018, num tempo pré-pandêmico, Um Lugar Silencioso se mostrou um aclamado thriller que mixava de forma eficiente o terror com o suspense, tendo como cenário um mundo pós-apocalíptico. A direção era assinada por um improvável John Krasinski, muito conhecido pelo papel de Jim Halpert na série The Office, cujas poucas experiências de direção, até então, se situavam no terreno da comédia.

Então, chegou o ano de 2020. O planeta ficou ameaçado pelo coronavírus. É mundo real, não ficção. Imediatamente uma nova chave de compreensão e analogia foi agregada para a análise do filme de três anos atrás. A decisão de desenvolver uma continuação da história foi certamente impactada por este novo momento. O entendimento da narrativa então se processa com este novo registro em nossa mente.


Um Lugar Silencioso – Parte II (A Quiet Place – Part II), igualmente escrito e dirigido por Krasinski, abre com duas linhas narrativas. Inicialmente temos um prólogo, que se passa no Dia 1, aquele que deu origem à invasão das terríveis criaturas alienígenas, ainda que nada fique suficientemente explicado. Então, logo na sequência, somos jogados exatamente ao ponto em que encerrou o filme anterior, quase um ano e meio a frente. Lembra daquele final aberto com a personagem de Emily Blunt engatilhando a arma? Esse é o momento de retomada da saga da família Abbott.

Evelyn Abbott (Emily Blunt) e os filhos, Regan (Millicent Simmonds), Marcus (Noah Jupe) e o bebê que nasceu no final do filme anterior, prosseguem sua jornada silenciosa pela sobrevivência, em fuga da ameaça que espreita por todos os lados. A trajetória que se assemelha a um road movie, que se guia por uma tensão constante que alterna movimento e confinamento, silêncio e ruídos extremos, tensão e relaxamento, isolamento e interação social, desafio e superação pessoal. Os personagens, todos, apresentam um arco narrativo bem estabelecido, o que contribui decisivamente para a coesão da história e acentua valores individuais da família nuclear. Um Lugar Silencioso – Parte II expande o conceito original e abre possibilidades para novos personagens, como Emmett (Cillian Murphy), antigo amigo da família, e um sobrevivente do pós-apocalipse, vivido por Djimon Hounsou.


Ainda que a sequência apresente níveis de decibéis bem superiores nos efeitos sonoros, em oposição ao primeiro filme (quase um exercício de estilo na utilização do silêncio como artifício narrativo), o conceito original segue preservado e ainda é capaz de proporcionar momentos genuínos de medo e angústia.

Um Lugar Silencioso – Parte II se mostra uma sequência muito interessante e criativa, com um roteiro enxuto e edição eficiente, o longa deixa um caminho promissor para a inevitável (e necessária) sequência que certamente vem por aí.

Assista ao trailer: Um Lugar Silencioso – Parte II

Jorge Ghiorzi

Nenhum comentário:

Postar um comentário