Assista ao trailer: Sorria 2
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do
Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com /
jghiorzi@gmail.com
@janeladatela
Assista ao trailer: Sorria 2
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do
Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com /
jghiorzi@gmail.com
@janeladatela
Uma ironia dolorosa resume a vida de Christopher Reeve. O ator que construiu o mito em torno de si ao interpretar um super-herói com poderes praticamente ilimitados, dentre eles a capacidade de voar, teve seu destino final em vida restrito e imobilizado em uma cadeira de rodas, com limitadíssima capacidade motora. O homem de aço do cinema encontrou sua kriptonita na vida real ao sofrer a trágica queda de um cavalo em 1995.
Vinte anos após sua morte a trajetória do ator é retratada no emocionante e sensível documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve (Super/Man: The Christopher Reeve Story, 2024), uma realização da dupla Ian Bonhôte e Peter Ettedgui que teve sua primeira exibição mundial no Sundance Film Festival, em janeiro deste ano. Após a repercussão extremamente positiva na audiência, a produção atraiu a atenção dos grandes players do mercado. Os direitos de distribuição foram adquiridos pelas gigantes Warner, DC Studios, HBO e CNN Films, o que garante uma grande circulação e visibilidade da obra.
Assista ao trailer: Super/Man – A História de Christopher
Reeve
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do
Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com /
jghiorzi@gmail.com
@janeladatela
Os primeiros momentos de Robô Selvagem são vacilantes, parecem um tanto rotineiros e a animação não diz exatamente a que veio. Funcionam essencialmente para estabelecer o contexto e apresentar os “personagens” principais. No entanto, logo a animação encontra seu eixo narrativo e conquista definitivamente o interesse do espectador. Passamos a acompanhar com interesse genuíno o destino do improvável trio de protagonistas: a robô (mãe), o bebê ganso e a raposa.
Assista ao trailer: Robô Selvagem
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do
Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com /
jghiorzi@gmail.com
@janeladatela
O primeiro filme
solo do Coringa causou alguma surpresa aos fãs quando se revelou uma produção
que ambicionava um realismo incomum nas aventuras de personagens de HQs. Ainda
que, ao longo da trama, o longa assumisse pouco a pouco um clima de farsa com
pretensão política. Para a segunda incursão solo do personagem o realizador
Todd Phillips (de Se Beber Não Case!) acelera e radicaliza,
transformando tudo em uma delirante fantasia musical.
Coringa: Delírio a Dois (Joker: Folie à Deux, 2024) inicia dois anos depois dos eventos do filme anterior. Após os crimes cometidos, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é internado no Asilo Arkham, hospital psiquiátrico destinado aos criminosos alucinados e mentalmente perturbados. Enquanto espera pelo julgamento – onde a alegação de insanidade o tornaria inimputável – Arthur conhece Lee Quinzel (Lady Gaga), também internada na instituição. Juntos passam a viver uma louca paixão, motivados pelo desejo de fuga e embalados por delírios musicais.
Assista ao trailer: Coringa: Delírio a Dois
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do
Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com /
jghiorzi@gmail.com
@janeladatela
Com um atraso de 36 anos finalmente os fãs do morto-vivo mais engraçado do cinema – Beetlejuice - tem o tão esperado reencontro. Uma geração inteira se passou entre o filme original, Os Fantasmas se Divertem (1988), e esta continuação tardia, Os Fantasmas Ainda se Divertem (Beetlejuice, Beetlejuice, 2024). Este tempo todo que se passou entre um filme e outro possibilita então que aqueles que se divertiram no final dos anos 80 voltem aos cinemas com seus filhos, sobrinhos ou netos para um ótimo programa em família. A diversão é garantida. Uma sessão nostálgica para os velhos fãs e uma descoberta para os mais jovens.
Assista ao trailer: Os Fantasmas Ainda se Divertem
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do
Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com /
jghiorzi@gmail.com
@janeladatela
Exibido em première
mundial no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2023, o novo filme de
Woody Allen chega às telas brasileiras com um ano de atraso. Não é novidade que
a circulação dos trabalhos do realizador vem sendo cada vez mais restrita, bem
distante dos tempos de sucesso popular, particularmente nos anos 80 e 90. Um
novo filme dirigido por Woody Allen costumava ser um acontecimento. Mas, isto é
passado.
Após a virada do século o cineasta passou a receber menos atenção do público. E, por consequência, também dos Estúdios. Esta nova realidade levou Allen a explorar novos territórios, longe de sua amada Nova Iorque. Esta fase da carreira o levou para a Europa, onde encontrou novos financiadores para os projetos, novos cenários e possibilidade de explorar temas mais universais, distantes do contexto da América.
Golpe de Sorte em Paris (Coup de chance, 2023), seu 50º longa-metragem, foi inteiramente filmado em Paris e falado em francês, língua que ele próprio reconhece que não domina totalmente. Este fato, por si só, revela um espírito de desprendimento e ousadia para um cineasta veterano que completa 90 anos em 2025. Há quem diga – ele próprio não desmente – que este poderá ser o seu último filme, encerrando uma carreira cinematográfica de quase 60 anos.
A elegância, no sentido literal e figurativo, é uma marca muito presente em Golpe de Sorte em Paris. Seja pelos ambientes refinados, seja pela apresentação das personagens – principais e secundárias – ou pelos diálogos, sempre precisos, enxutos, afiados e perspicazes. O conjunto funciona maravilhosamente bem em um roteiro escrito com inteligência, sem excessos.
O elenco sem estrelas, formado por atores e atrizes com pouca visibilidade internacional fora da França, está muito à vontade com atuações naturalistas que a direção de Woody Allen costuma imprimir em seus filmes. Um destaque para a protagonista Lou de Laâge (de O Baile das Loucas), cuja fisionomia possui traços de semelhança com a atriz Anna Karina, musa de Jean-Luc Godard.
Assista ao trailer: Golpe de Sorte em Paris
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do
Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com /
jghiorzi@gmail.com
@janeladatela
Lançada há apenas dois anos, a produção dinamarquesa Não Fale o Mal alcançou grande repercussão no Festival Sundance de 2022 e atraiu a atenção do mercado internacional. Vislumbrando o alto potencial de bilheteria para as grandes massas, Hollywood rapidamente tratou de comprar os direitos para produzir uma refilmagem, retrabalhando o tema e o contexto do filme com elenco e cenários mais identificáveis para os mercados norte-americano e internacionais. Assim surgiu o tenso thriller psicológico Não Fale o Mal (Speak no Evil, 2024) made in USA, com a grife da produtora Blumhouse, especialista em filmes de horror, terror e suspense de baixo orçamento e grande bilheteria como Atividade Paranormal, Corra!, O Homem Invisível e M3gan. A direção ficou a cargo de James Watkins, realizador de Sem Saída (2008) e A Mulher de Preto (2012).
Família (casal e filha) em visita à Toscana, na Itália, acaba se relacionando com outra família (casal e filho) que encontra por acaso no passeio. Aos poucos cresce entre eles uma amizade de ocasião em terra estranha. Tempos depois, após retornarem para suas cidades, uma das famílias convida a outra para passar alguns dias em sua tranquila e isolada casa de campo no interior da Inglaterra. Logo os hóspedes visitantes descobrem, contudo, que o que deveria ser um simples final de semana de descanso e lazer se transforma em um terrível pesado que coloca suas vidas em perigo.
Desde o primeiro minuto sabemos que algo de sinistro e perigoso ressoa com gravidade em Paddy (James McAvoy), o pai da família anfitriã do passeio. Um gesto, um olhar, uma palavra mal colocada, uma fala fora do tom. Assim se constrói o andamento da trama, distribuindo pistas e informações de que algo muito errado não está certo naquela personalidade aparentemente amável e expansiva. Contribui decisivamente para esta sensação de desconforto o desempenho intenso de James McAvoy, operando em um registro assustador, que nos remete inevitavelmente ao seu personagem multifacetado em Fragmentado. A partir deste personagem emblemático, Não Fale o Mal se estabelece como um estudo de personalidade, que examina diferentes níveis de violência psicológica que se materializam em violência física. Sob esta ótica o longa de James Watkins lembra por vezes alguns trabalhos do austríaco Michael Haneke, que exploram questões perturbadoras que se escondem sob o verniz social.
O thriller é admirável na sustentação de uma atmosfera tensa e sufocante por mais de uma hora, com efetivamente poucos fatos significativos ocorrendo em cena. Na verdade, aí está o truque. Não Fale o Mal possui uma construção lenta e consistente, quase minimalista, levando tudo num crescendo até o violento e catártico final. Não força nos clichês, que são quase uma regra de ouro quando se trata de thrillers de suspense, horror, terror e afins. Aliás, neste aspecto, até de maneira um tanto surpreendente, o remake norte-americano é mais sutil em muitos aspectos do que a versão original dinamarquesa. Uma refilmagem de um grande estúdio de Hollywood, usualmente produzida com mais recursos, costuma cair na armadilha de turbinar excessivamente o ritmo e a estética da obra original. Pois é aí que mora o pecado. Aqui, porém, houve um exercício de contenção, ao menos nos dois primeiros atos.
O remake norte-americano trouxe novos elementos e perspectivas em relação à versão dinamarquesa. Dois pontos são particularmente significativos. O Não Fale o Mal de Watkins traz em seu desenvolvimento, como acréscimo de roteiro, uma abordagem sobre a masculinidade desconstruída quando confronta a fragilidade de Ben (o pai da família visitante) em oposição ao macho dominante e confiante representado por Paddy. O outro ponto, que destoa muito em relação ao filme de 2022, diz respeito ao desfecho, que apresenta uma solução totalmente diversa, que acaba por transformar o produto final em algo completamente distinto daquele que o originou. O que o filme dinamarquês omitiu em respostas e explicações, o remake hollywoodiano explica em demasia, particularmente em seu terço final, furtando da plateia o espaço para a fantasia e a imaginação.
Efetivamente Não Fale o Mal é envolvente em seu suspense que se intensifica cena após cena, num jogo psicológico com personagens bem constituídos. Apesar do segmento final abraçar a previsibilidade dos filmes do gênero, o que compromete parcialmente a experiência, o longa tem mais acertos do que erros. É um remake que não supera o original, mas é um remake que ousa com autonomia ao reinterpretar o longa original.
Jorge Ghiorzi
Membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul)
Contato: janeladatela@gmail.com / jghiorzi@gmail.com
@janeladatela