Assista ao trailer: A Noite das Bruxas
Jorge Ghiorzi
Membro da ACCIRS – Associação de
Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul
Contato: janeladatela@gmail.com
Assista ao trailer: A Noite das Bruxas
Jorge Ghiorzi
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A primeira – mas não única – grande alteração do conto original foi a transposição da ação do século XIX para os dias contemporâneos. Afora isso, o roteiro incorporou ainda temas atuais como bullying, abuso infantil, maus-tratos e abandono parental.
A produção é de Seth Rogen, que tem se mostrado um produtor bastante ativo. Esta é sua terceira produção a entrar em cartaz em 2023, após Loucas em Apuros e As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, além da série de animação Invencível, no Prime Video, o serviço de streaming da Amazon. A direção de Toc Toc Toc – Ecos do Além é de Samuel Bodin, da série Marianne, da Netflix.
Assista ao trailer: Toc Toc Toc – Ecos do Além
Jorge Ghiorzi
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A advertência já foi dada outras tantas vezes: não mexa com a família de Liam Neeson. Mas a turma dos vilões não aprende por bem a lição. Então, vai aprender por mal. Mais uma vez. A lição agora vem com A Chamada (Retribution, 2023), refilmagem do filme espanhol El Desconocido. No período de pré-divulgação do filme no Brasil o novo filme de Liam Neeson chegou a receber provisoriamente o título de Retaliação, que seria uma boa opção, por ser menos genérico.
Filmado e situado em Berlim, o thriller A Chamada conta a história de um assessor financeiro, Matt Turner (Liam Neeson), responsável por investimentos de clientes milionários e empresas poderosas. Em uma manhã normal de trabalho está levando de carro seus filhos para a escola, antes de ir para o escritório, quando recebe uma ligação pelo celular. Do outro lado da linha uma voz modulada e ameaçadora informa que Matt está sentado sobre uma bomba, instalada embaixo do banco do carro. Caso saia do carro, a bomba será acionada e explodirá. Situação semelhante àquela vivida por Danny Glover, sentado em um vaso sanitário em Máquina Mortífera. Em pânico, Matt passa a transitar pelas ruas de Berlim, seguindo as orientações que recebe pelo celular enquanto descobre, pouco a pouco, as verdadeiras razões da armadilha. Enquanto isso, em seu encalço está a polícia, que o considera um terrorista, e não uma vítima do verdadeiro terrorista que atua incógnito.
Apesar da narrativa se concentrar basicamente no espaço confinado de um carro, o que poderia render momentos de genuíno suspense e tensão – o que não consegue momento algum -, o fato objetivo é que A Chamada é apenas mais um exemplar irrelevante de thriller de ação, que vem se somar a tantos outros estrelados por Liam Neeson.
Assista ao trailer: A Chamada
Jorge Ghiorzi
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É bastante improvável que haja alguém que entre em uma sala de cinema passa assistir a um filme de Wes Anderson que não tenha em mente um mínimo de expectativa sobre o que vai encontrar. Não há surpresas, absolutamente. O cineasta é fiel a seu estilo, que parece esgarçar e radicalizar a cada novo trabalho. Este é o peso que Asteroid City (Asteroid city, 2023) carrega. É Wes Anderson em sua potencia máxima, para o bem ou para o mal.
Meados dos anos 50. Uma cidadezinha minúscula, no meio do deserto americano, com população de apenas 87 pessoas, famosa por ter sido, no passado distante, alvo de um meteoro que caiu na Terra. A imensa cratera formada no local, um ponto turístico, será utilizada como cenário para uma Convenção de Observadores Cósmicos Juniores que reúne estudantes pesquisadores e suas famílias. Um inesperado acontecimento cósmico muda os rumos daquele encontro.
A narrativa de Asteroid City é totalmente fragmentada e descontinuada, o que dificulta nossa adesão incondicional. A frieza e distanciamento das situações e personagens não facilitam nem um pouco o mergulho na história. Aliás, pelo contrário, nos afasta do envolvimento. Um dos pontos cruciais que contribuem para este afastamento é a ausência de um protagonista consistente. Em Grande Hotel Budapeste (2014), por exemplo, que apresentava uma estrutura dramática semelhante, tínhamos a figura do Monsieur Gustave, interpretado por Ralph Fiennes, que acompanhávamos com interesse, pois fazia a costura em todas as subtramas.
Um fato cada vez mais evidente é que Wes Anderson está excessivamente refém de uma estética, que tem lá seu charme como estilo, como assinatura autoral, mas não avança e inibe novos olhares. Quando a construção estética é prioritária, em desfavor do ritmo, há algo de errado acontecendo. Em Asteroid City esta fragilidade do cinema de Anderson fica escancarada. A pegada retrô está lá. Assim como a criativa paleta de cores, as composições cênicas de encher os olhos, o humor nonsense, tipos bizarros, elenco recheado de estrelas. Mas o conjunto definitivamente não funciona na plenitude desta vez.
Asteroid City é lindo como uma bolha de sabão. Mas é igualmente vazio e fugaz.
Assista ao trailer: Asteroid City
Jorge Ghiorzi / Membro da ACCIRS
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O que Donna Summer, Kiss, Gladys Knight e Village People têm em comum? A resposta é: Neil Bogart. Quem é Neil Bogart? Ele foi um executivo do mercado fonográfico, criador da Casablanca Records, apontada como a maior gravadora independente de todos os tempos, e descobridor de talentos musicais com potencial de sucesso comercial, como essa turma aí já citada e outros tantos.
Neil Bogart era um sonhador e um gênio em sua área de atuação. Ele foi um dos primeiros empresários e empreendedores do mundo do chamado show biz a entender a música popular moderna (a partir dos anos 60) como uma experiência para o público. O valor não estava apenas na música em si ou na venda de LPs. Em sua visão tratava-se de um pacote completo: discos, shows, merchandising, excursões, execução em rádios, etc. Parece óbvio hoje, mas era inovador e ousado no início dos anos 70, quando Neil Bogart “descobriu” e contratou seu primeiro nome na música: o grupo Kiss.
O filme é uma elegia ao nome e à obra de Neil Bogart, uma espécie de aventureiro romântico em seu embate contra as gigantes que dominavam o mercado fonográfico. Neste aspecto a produção capta nossa empatia, ainda que Bogart, em certa medida possa ter sido apenas uma espécie de herói-bandido muito bem sucedido.
Alternando episódios marcantes da trajetória de Neil Bogart com recriação de apresentações musicais dos principais artistas do casting da Casablanca Records, A Era de Ouro tem pelo menos uma sequência marcante, definidora do momento de virada de chave que determinou o sucesso da gravadora: a sessão de regravação da música I Feel Love, de Donna Summer, o futuro sucesso global que salvou a Casablanca da falência.
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Jorge Ghiorzi / Membro da ACCIRS
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Falando assim parece uma história séria, um drama pesado. Não é verdade? Pois então, Loucas em Apuros (Joy Ride, 2023) é tudo, menos isso. O tom comédia já dá as caras na primeira sequência – e prossegue até o final -, quando as duas principais amigas da trama se conhecem, ainda garotinhas. Daquele encontro, em uma pracinha do bairro, nasceu uma amizade para o resto da vida. Pelo menos até a citada viagem, que coloca em jogo uma série de questões pessoais, reprimidas após tantos anos de convivência.
Esta problemática é apenas o pano de fundo. O que Loucas em Apuros busca mesmo é o humor, a crítica, as piadas politicamente incorretas e as situações moderadamente escatológicas. O filme, dirigido por Adele Lim (cineasta nascida na Malásia), força a mão em diversos momentos, em busca do riso da plateia a qualquer custo, ainda que o riso por vezes possa ser constrangido. Outro ponto a destacar é a ousadia em esticar a corda do humor até os limites do que o mainstream tolera. O nome de Seth Rogen assinando a produção certamente é benéfico para assegurar a circulação mais ampla do filme.
O filme Adele Lim, com as devidas ressalvas da comparação, pode ser visto como uma versão feminina de Se Beber, Não Case. Divertido, hilário, inteligente, com forte recado em favor da emancipação feminina, Loucas em Apuros tem no elenco Stephanie Hsu, indicada como atriz coadjuvante por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.
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Jorge Ghiorzi / Membro da ACCIRS
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Lançada pela Mattel em 1959, a Barbie foi a primeira boneca a representar uma mulher adulta. Até então a indústria só produzia bonecas representando bebês, estimulando nas meninas crianças a crença de que o papel de mãe seria o único destino possível para as mulheres na vida adulta – a propósito, esta ideia é brilhantemente mostrada na criativa sequência de abertura. A chegada da Barbie foi um sucesso absoluto, uma revolução que mudou o mercado para sempre. A grande sacada viria um pouco mais adiante, quando a Mattel lançou as diversas versões da Barbie, com seus respectivos acessórios: a médica, a executiva, a jogadora de tênis, a bailarina, a top model e outras tantas. Um universo próprio foi criado e fechado em torno das Barbies, inclusive com direito a um “namorado” de ocasião, o Ken.
É exatamente neste ponto da História que inicia a estória da versão cinematográfica live-action, Barbie (Barbie, 2023), dirigida pela cult e descolada Greta Gerwig (Francis Ha, Lady Bird e Adoráveis Mulheres), com roteiro escrito em parceria com o companheiro Noah Baumbach.
Barbie acerta em cheio na concepção visual, na estética e na dinâmica das personagens, que transforma um “mundo de boneca” em uma divertida e multicolorida aventura live-action com gostinho de sessão da tarde.
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Jorge Ghiorzi /
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